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Do bom-senso

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Jesus, Luz do Mundo.

Deu-se, neste ano, a feliz coincidência da preparação do habitual artigo para o jornal coincidir com o dia de Natal. Não poderia, pois, deixar de ser este o tema de hoje.
O tema Natal traz-nos à mente o nascimento do Jesus Menino em Belém. Dizia Bento XVI, na sua mensagem de Natal de 2007: “Quando Jesus nasceu na gruta de Belém, «uma grande luz» apareceu sobre a terra; uma grande esperança entrou no coração dos que O esperavam: «lux magna», canta a liturgia deste dia de Natal. Não foi certamente «grande» como o mundo pensa, pois, os primeiros a vê-la foram só Maria, José e alguns pastores, depois os Magos, o velho Simeão, a profetiza Ana: os que Deus tinha escolhido. No entanto, na humildade e no silêncio daquela noite santa, acendeu-se para cada homem uma luz esplêndida e inextinguível; chegou ao mundo a grande esperança portadora de felicidade: «O Verbo fez-Se carne e [...] nós vimos a sua glória»

Acontecimento histórico e mistério de amor que, há mais de dois mil anos, interpela os homens e as mulheres de cada época e lugar, é o dia santo em que brilha a «grande luz» de Cristo portadora de paz! Certamente, para reconhecê-la, para acolhê-la, é preciso fé, é preciso humildade. A humildade de Maria, que acreditou na palavra do Senhor e foi a primeira que, inclinada sobre a manjedoura, adorou o Fruto do seu ventre; a humildade de José, homem justo, que teve a coragem da fé e preferiu obedecer a Deus mais que preservar a própria reputação; a humildade dos pastores, dos pobres e anónimos pastores, que acolheram o anúncio do mensageiro celeste e à pressa foram à gruta onde encontraram o Menino recém-nascido e, cheios de maravilha, O adoraram louvando a Deus. Os pequenos, os pobres em espírito:
eis os protagonistas do Natal, ontem como hoje; os protagonistas de sempre da história de Deus, os construtores incansáveis do seu Reino de justiça, de amor e de paz.

Jesus é essa outra Luz do Natal que quando acolhida pelos povos e pelas nações, ilumina as suas acções e conduz à verdadeira justiça e à verdadeira paz, anunciada pelos profetas milénios antes do seu nascimento.
Os ensinamentos de Jesus, protagonizados pela evangelização cristã levada a cabo, nos primeiros tempos, pelos apóstolos, que anunciavam apenas a Vida Eterna, foram um extraordinário processo de libertação dos oprimidos, dos perseguidos, dos marginalizados, da denúncia da sociedade dos prazeres sem limite, da vida libertina e promíscua, característica de civilizações em decadência e em extinção, como a Egípcia, a Grega e a Romana.
Nestes momentos de crise, cujos contornos estaremos ainda longe de conhecer em toda a sua dimensão, e em que estamos a assistir à construção de um novo ordenamento internacional, com a Europa e, de um modo geral, o mundo ocidental, a perder pujança e poder no palco global, seria bom que cada homem desse algum contributo para a construção de um mundo melhor e mais solidário, em que o “Outro” não constitui a nossa perdição, como defendem alguns pensadores materialistas, mas sim a nossa verdadeira salvação.
Natal é, na verdade, o Dia da Família por excelência, dia que habitualmente reúne todos os seus membros, alguns por vezes vindos de milhares de quilómetros de distância para celebrar, em comunhão física e presencial, o nascimento de Jesus.

Estava, porém, bem longe de imaginar, o Papa Júlio I, quando no século IV instituiu esta celebração que, alguns séculos depois, se haveria de transformar, com o apoio de um ignóbil e agressivo marketing, numa data caracterizada por um consumismo voraz, cego e devorador, em que os nobres sentimentos de “amor ao próximo” são, em muitos casos, profundamente adulterados e substituídos por falsas manifestações de solidariedade, tantas vezes elas mesmo portadoras de doentias vaidades mundanas. 

Mas mais chocante ainda é assistir à hipocrisia de alguns fariseus dos tempos de hoje, que vivendo nas sociedades ocidentais em riqueza e abundância obscenas, de forma egoísta e egocêntrica, esquecem os pobres, os famintos, os doentes, os perseguidos, os injustiçados e os explorados de outras regiões do globo dos tempos actuais.

Como é também chocante e contrastante a forma pobre, modesta e humilde como nasceu Jesus, numa gruta de pastores em Belém segundo a tradição, e os excessos cometidos nos tempos actuais, em que crianças e não só, tendo já praticamente tudo, ficam impossibilitadas de sentir a felicidade que é concedida aos simples que nada têm.

Feliz Natal para todos.
Guimarães, 25 de Dezembro de 2023
António Monteiro de Castro

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Do diálogo

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