VÍDEO: Reencontro de irmãs acontece ao fim de 50 anos

No passado domingo, o Centro Histórico de Guimarães foi o cenário do encontro de duas irmãs desencontradas há 50 anos. Foi o mais recente e derradeiro capítulo de uma história feliz que reuniu uma família originária de São Tomé e Príncipe.

Deolinda Lima é uma mulher que aos cinco anos veio para o Continente para ser acolhida por uma família de adopção. Desde essa altura que vive em Guimarães.
No despertar da sua juventude, quando já sabia as suas origens, assumiu com determinação o propósito de conhecer a sua família biológica. Um desejo legítimo do qual não desistiu ao longo de décadas.

O primeiro objectivo era conhecer a mãe. Não foi fácil. Demorou anos, mas nunca desistiu.

Fruto da sua persistência e com ajuda, nomeadamente do Grupo Santiago, Deolinda viria a localizar a mãe na vila de Cabeção, no Alentejo. Como então noticiamos, em Julho de 2009, não conheceu apenas a mãe, mas também seis irmãos, distribuídos por S. Tomé e Príncipe, Lisboa e Inglaterra, onde estão emigrados dois irmãos e duas irmãs. Deolinda viveu uma alegria imensa, mas nesse mesmo momento estabeleceu novo desejo. O de conhecer mais uma irmã a quem a família perdeu o destino. A informação de que dispunha era escassa, mas nem isso lhe retirava, novamente, a determinação.
Segundo a mãe, essa irmã, Maria Manuel, viveria em Vila Nova de Gaia.

Deolinda iniciou, então, nova cruzada. Falou com muitas pessoas, pediu informações, questionou entidades. E o tempo passava, sem resultados. Por entre esperança e desalento, na passada semana, tudo se precipitou para o final feliz. Mais uma vez com a ajuda do Grupo Santiago, na passada quarta-feira, a Deolinda teve duas "grandes notícias". Primeiro viu confirmado que a sua irmã vivia, de facto, em Gaia e, num segundo e capital momento, teve acesso ao contacto telefónico de Maria Manuel. As duas irmãs desencontradas, falaram pela primeira vez ainda na quarta-feira, num telefonema feito a partir das nossas instalações.
Deolinda não escondia o nervosismo e, do outro lado, Maria Manuel reagiu com um "isto é uma brincadeira?". Não era brincadeira. Finalmente, as irmãs tinham-se encontrado. Os telefonemas sucederam-se e o encontro foi marcado para domingo.

No Largo da Oliveira, pouco depois do relógio da torre da igreja da Oliveira marcar as 16h00, Deolinda e Maria Manuel correram para um abraço há tantos anos nervoso, mas desejado e sonhado. Quando Deolinda abandonou S. Tomé e Príncipe, tinha cinco anos e "não tinha nenhuma memória da minha irmã".
"Não há palavras para descrever esta emoção", disse Deolinda para quem "descobrir uma família representa uma alegria imensa".
"Sinto-me uma mulher muito feliz, depois de uma luta que não foi fácil", acrescentou sempre abraçada à irmã. Sentimento partilhado por Maria Manuel que abandonou a sua terra de origem com 10 meses, na companhia do avô paterno com quem viveu.
"Procurei localizar a minha família. Sabia que tinha uma irmã Deolinda, mais velha e um irmão Manuel, não sabia mais nada. Cheguei a recorrer ao programa da televisão Ponto de Encontro para os localizar, mas sem sucesso", contou.
Com o passar dos anos "não perdi a esperança", porque essa é a última a perder. O inesperado telefonema que recebeu na passada quarta-feira de Deolinda, num primeiro momento, "não dava para acreditar, foi uma loucura". Desde então viveu um misto de emoções partilhadas com o marido, António Leite, o filho Ivo e os amigos mais próximos, Isabel e Mário, que a acompanharam no domingo a Guimarães.

Agora que a família se conhece, as irmãs prometem "viver intensamente todos os momentos para tentar recuperar o tempo perdido". Maria Manuel já sonha com uma ida ao Alentejo para "abraçar" a mãe com quem já falou por skipe. E na mente das duas irmãs começa a desenhar-se a reunião de toda a família. 
"Vai ser um grande funaná, uma grande festa", promete Maria Manuel.


Marcações: Centro Histórico, Reencontro , São Tomé e Príncipe

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