Sociedade Martins Sarmento denuncia "valas de saque" no Castro de Sabroso

A Sociedade Martins Sarmento denunciou a existência de "valas de saque" no Castro de Sabroso resultantes de "práticas ilegais de detetorismo" (uso um detector de metais para encontrar moedas).

Em comunicado aquela instituição refere um saque, ocorrido em Setembro de 2020, no âmbito do qual "foi aberto no interior de uma estrutura circular, no terreno mais elevado do castro, onde o acto de vandalismo foi cometido num ponto em que o aparelho deve ter detectado uma lata, que ainda se encontrava no local. A vala foi aberta no que será uma camada de revolvimento, tendo sido deixados à vista, além da referida lata, vários materiais arqueológicos que saíram da vala. Notamos que esta casa já tinha sido escavada, no século XIX, no decurso das primeiras campanhas de Martins Sarmento".

Ainda de acordo com a SMS, os materiais desenterrados, e parcialmente partidos, no decurso do saque, foram recolhidos pelos técnicos da instituição, para lavagem e identificação. São vários fragmentos de cerâmica e um fragmento talhado de quartzito. A maior parte dos fragmentos de cerâmica pertenciam a uma mesma peça. Seria um púcaro modelado a torno e fabricado através de cozedura redutora, com pasta fina, onde se identificam pequenos grãos de quartzo, e com a superfície previamente afagada. Trata-se de uma peça de louça de mesa, que corresponde à especialização funcional das cerâmicas da última fase da Idade do Ferro (séculos II e I a. C.).
Estes materiais foram guardados, integrando assim o espólio do Castro de Sabroso, à semelhança das peças recolhidas em contexto de escavação.

A SMS lembra que a utilização de detectores de metais para pesquisa de objectos e artefactos históricos é proibida em Portugal, bem como a utilização e transporte destes aparelhos, não licenciados, para efeitos de pesquisa em monumentos. Do mesmo modo, é proibida a recolha de materiais arqueológicos, mesmo estando à superfície, pelo que esta prática deve ser denunciada junto das autoridades.

"A SMS fará o que estiver ao seu alcance para proteger e recuperar, para a fruição pública, a relevante herança cultural que é o Castro de Sabroso", concluiu o comunicado da SMS.


Marcações: Sociedade Martins Sarmento, Castro de Sabroso, detetorismo , valas de saque

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