Bruno Duarte regressou ao Brasil: "Chegou o momento em que entendi que era melhor estar junto da minha família"



Bruno Duarte viajou ao Brasil no passado dia 29 e encontra-se actualmente junto da família, em São Paulo. Depois de ter cumprido mais de duas semanas de isolamento social sozinho, num apartamento, o avançado teve autorização do clube para regressar ao seu país natal, onde se reencontrou com os familiares mais próximos, inclusive com a noiva, com quem tinha casamento marcado para Maio.
Ao início da tarde, depois de um treino por vídeo conferência com o plantel, Bruno Duarte esteve à conversa com os jornalistas e explicou esta opção de regressar ao Brasil.

O que o levou a tomar a decisão de voltar ao Brasil?: “O Vitória já tinha deixado isso ao meu critério. Aguentei umas duas semanas sozinho, mas chegou o momento em que entendei que era melhor estar junto da minha família e tomei a decisão de regressar. Tive todos os cuidados possíveis na viagem, para evitar problemas para a minha família. Estou a cumprir quarentena e a treinar nos horários que o clube decide. Ainda estou um pouco no fuso horário de Portugal, acabo por me deitar cedo e acordar cedo para poder executar o treino.”

Foi uma decisão para ficar melhor psicologicamente: “Sim, claro. Quando se está perto da família é natural que nos sintamos mais tranquilos, mais acolhidos. Assim, estou perto deles e posso ajudá-los. Tenho de me manter em casa, tranquilo, à espera que tudo isto passe.”

Tem alguma perspectiva de quando pode regressar a Portugal?: “Ainda não. Temos de ultrapassar este período de indecisão. Pelo andar da carruagem ainda vai demorar muito tempo para que possam voltar os campeonatos europeus. Acredito que o momento é de esperar. Quem tem a oportunidade de estar com a família é o ideal, quem não tem pode aguardar para que tudo possa voltar ao normal em breve."

Como é que a população brasileira está a viver esta pandemia por comparação com a portuguesa?: “Quando estava aí, tinha a percepção que estava mais relaxada. Porém, quando cheguei ao Brasil percebi que já havia um certo receio e medo da população. No voo em que viajei não eram permitidos estrangeiros, apenas brasileiros, isso deu-me alguma tranquilidade porque é sinal que estão a levar isto a sério. Quando cheguei ao Brasil viu pouca gente na rua, as lojas fechadas. Estão a ser tomadas medidas como em Portugal.”

A imagem que chega é a de que o presidente Jair Bolsonaro não quer parar o país: “O discurso dele é realmente impactante, deixa um pouco de medo à população. Acredito que deva estar bem assessorado para falar isso, deve ter algum tipo de certeza para o que está a dizer. Já pelo terceiro dia baixa o número de mortes no Brasil, esperamos que continue assim. É uma situação que teve, de ser analisada com calma. Não podemos dizer que a economia é mais importante que a saúde, também não podemos dizer que as pessoas devem apavorar-se. Infelizmente, o nível de pobreza no Brasil é muito grande e é difícil para quem trabalha, para quem tem empresas, mesmo para o Presidente do Brasil. Tem de haver união do povo, tem de haver muito cuidado para que o vírus não se espalhe mais pelo Brasil”.

Acredita que será possível o retomar das competições em Portugal?: “Acreditamos que podem voltar, gostaríamos que fosse assim, mas não neste cenário. Enquanto os casos aumentarem, o melhor a fazer é esperar. Se o cenário se prolongar, se calhar deveria acabar o campeonato. Seria muito ruim para todos os clubes, para as federações. Tem de ser decidido cm calma, esperar pelos próximos dias para perceber como vai ser o pico em Portugal.”

A paragem foi prejudicial para todos?: “Com certeza. A equipa vinha de um bom momento, com vitórias consecutivas, um cenário motivador para o jogo com o Sporting. Estávamos bem focados neste jogo, mas isto prejudica não só o Vitória, mas sim todas as pessoas e instituições, a saúde do mundo. Quanto menos pessoas forem prejudicadas, melhor vamos poder superar isto.”

Se o campeonato for retomado pensam em chegar ao 4.º lugar?: “Claro. Era um dos objectivos principais da equipa, estávamos focados nessa meta. Esse é o nosso foco se voltar o campeonato. Todos os clubes devem traçar metas, senão não vale a pena treinar.”

Quando o campeonato parou os seus objectivos pessoais estavam a ser cumpridos?: “O meu objectivo era adaptar-me o mais rapidamente possível ao futebol português, poder ajudar com golos para conquistar vitórias. Queria ajudar a chegar à Liga Europa, ou Liga dos Campeões. Seja qual for a equipa que jogamos temos de ter ambição, mesmo de lutar pelo título. Em parte sinto-me realizado, mas o trabalho deve continuar. Continuo com a ambição de ajudar a equipa com golos, para estar sempre ao mais alto nível.”

A redução dos salários tem sido um tema muito debatido. O que pensa sobre ao assunto?: “Até agora ainda não foi decidido nada pelo Vitória com os jogadores. É uma fase complicada para todos, para os clubes, para as grandes empresas. Sabemos que vai ser muito difícil porque a economia vai cair. O melhor a fazer é pensarmos em conjunto para ver o que é melhor para cada um de nós. Será uma situação tranquila para se resolver. O mais importante é ultrapassar este momento.”


Marcações: Vitória Sport Clube, Bruno Duarte

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