Ponte voltou aos treinos com "vontade de sair mais forte" para um campeonato "que se calhar o melhor é ser interrompido"



O plantel do Ponte regressou aos treinos ontem à noite. Uma semana e meia depois do clube ter suspendido a actividade da equipa sénior devido à detecção de sete casos de Covid-19, José Faria voltou a ter os jogadores à disposição. Contudo, o regresso aconteceu de forma condicionada, uma vez que o treinador não conta com um grupo alargado de atletas, pelo que o jogo com o Torcatense, da próxima jornada do campeonato Pró Nacional, foi mesmo adiado. Além dos sete jogadores que continuam em casa devido à Covid-19, à espera de alta médica, há mais um atleta que acusou positivo à infecção causada pelo novo coronavírus. Trata-se de um caso registado esta semana, fora do contexto do clube.

A paragem dos trabalhos no Ponte - que, até hoje, ainda não recebeu qualquer contacto da Direção-Geral da Saúde -, deixou marcas no clube. No entanto, o presidente, Filipe Oliveira, acredita que o Ponte “vai sair mais forte desta situação”. “Mas, não posso esconder um sentimento de tristeza muito grande que se estende a todo o grupo. Estávamos tão ansiosos por esta época no Pró Nacional, mas depois aconteceu isto. Só nos resta tentar sairmos mais fortes, mas isso é complicado porque chegamos a um ponto em que já não há onde ir buscar mais forças”.

Os casos de Covid-19 que se alastraram pelos clubes têm condicionado a realização das jornadas do campeonato Pró Nacional da Associação de Futebol de Braga. Uma questão que, segundo Filipe Oliveira, “coloca em causa a verdade desportiva”. “Ninguém tem culpa, mas quando formos para a 6.ª jornada teremos apenas um jogo disputado. Automaticamente, deixa de haver verdade desportiva porque a tabela está sempre a ser alterada. Vamos ver o que isto vai dar, como é que o campeonato vai terminar. Estamos numa incerteza muito grande. Sempre andei empolgado com o futebol e o clube, mas o último mês tem sido de uma tristeza enorme”.

O presidente do Ponte assume que gostava que o campeonato prosseguisse como está estipulado pela Associação de Futebol de Braga. Mas, ao mesmo tempo, não esconde que a interrupção das provas pode ser uma solução para ajudar os clubes: “Não será fácil encontrar uma solução. Quero muito que o campeonato prossiga, mas se calhar o melhor é que o campeonato seja interrompido. O querer é uma coisa, o que tem de ser é outra. Acho que estamos a adiar o inevitável, o cancelamento do campeonato. Há um problema enorme, que tema ver como os clubes vão suportar isto. Temos tido poucos apoios. A Câmara está atenta, vai dar um apoio, mas é uma coisa mínima porque os clubes não sobrevivem só com isso. Preocupa-me a situação do clube, porque não sei como é que vamos conseguir dar saída se isto se prolongar por 11 meses. Estamos a ficar numa situação muito preocupante e se calhar seria melhor a Associação analisar o que está a acontecer. Quem está à frente dos clubes começa a questionar qual será a melhor solução para não colocar em causa o futuro de todos”.


Marcações: Associação de Futebol de Braga, CD Ponte

Imprimir Email