Presidente do João Faria aponta “cenário catastrófico” com paragem dos campeonatos



O crescimento do projecto desportivo do Santiago/Mascotelos, que ano após ano tem sido sustentado de uma forma mais vincada com a aposta nos escalões de formação, está a ser condicionado por uma paragem competitiva que não tem fim à vista. Os escalões de formação não estão a competir há quase e um ano e a equipa sénior viu ser interrompida a luta pela subida, com um registo 100 por cento vitorioso, sem expectativas de um regresso que não deixe marcas. “Tem sido um ano mesmo muito complicado para o nosso clube”, resume o presidente, João Faria, numa conversa com o jornal DESPORTIVO de Guimarães. “Esta época parece que nem começou. Depois de tudo o que passámos com a interrupção abrupta em Março do ano passado, no Outono arrancámos para uma corrida atrás do prejuízo, a reinventar a formação, sempre à procura da competição, que depois nunca surgiu. Os jovens jogadores, como os outros, treinam para jogar, mas isso nunca aconteceu. É por isso que tem sido muito difícil aguentar este barco”.

João Faria não esconde que este será mesmo o principal desafio dos clubes da dimensão do Santiago/Mascotelos, que ao longo dos últimos anos tiveram um crescimento notório no futebol de formação. “É um trabalho de anos que em poucos meses pode ser colocado em causa”, lamenta, não escondendo que a vertente financeira pode ter um peso “muito importante”. “Desse ponto de vista o cenário é catastrófico. As associações desportivas do nosso nível terão desafios difíceis, porque o cenário é drástico, temo que muitas possam desaparecer. Passámos do tudo para o nada. Não temos qualquer tipo de rendimento e continuamos a ter as despesas praticamente todas. Por exemplo, continuamos a ter os ‘staff’s’, que devem ser ressarcidos pelo trabalho que desempenham. Ainda para mais, este ano reforçámos as nossas equipas técnicas quantitativamente e qualitativamente. Tornou-se ainda mais difícil cumprir com o que nos propusemos”. No fundo, prossegue, provoca “uma castração naquilo a que nos propusemos para este ano e para o futuro. No fundo, não será um ano zero, porque vamos ter de começar no -3 ou -4. Terá de ser tudo reestruturado e não sei mesmo se a estrutura técnica do Santiago/Mascotelos não terá de sofrer cortes. Não sabemos muito bem o que nos vai acontecer. Se estamos perfeitamente tranquilos nos escalões de base, traquinas, benjamins e petizes, no futebol 11 é muito complicado, porque são os atletas que têm maior propensão a sair. Isso percebe-se, porque não há competição e o treino deixa de fazer sentido”.

Com o futuro em suspenso, o Santiago/Mascotelos espera que surjam mais apoios por parte das entidades que gerem o futebol. “Os campeonatos profissionais e os semi-profissionais, como o caso do Campeonato de Portugal, estão a conseguir resistir, mas o futuro é crítico, porque nós estamos na base e sem a base as coisas nunca podem funcionar”, sublinha João Faria, para quem o Futebol Distrital tem sido alvo de discriminação. “Não é por fazerem testes que muda algo. O futebol é o mesmo, os jogadores da nossa realidade até podem ter comportamentos mais controlados, porque não dependem do futebol e são mais preocupados com o dia a dia deles, treinam e trabalham com responsabilidade. Há dois pesos e duas medidas. A Associação de Futebol de Braga não tem qualquer influência neste cenário, porque está limitada pela Federação Portuguesa de Futebol, mas os órgãos nacionais não têm tomado as melhores decisões. Os seniores não deviam ter parado. Não é pelo facto de os profissionais testarem que se pode depreender que a situação está controlada”.


quarta, 10 fevereiro 2021 17:48 em Desporto

Marcações: Santiago/Mascotelos, João Faria

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