Manuel Ribeiro explica saída do Moreirense: "Acho que é o melhor para mim e para o clube"



Um ano depois do regresso ao Moreirense para ocupar o cargo de director desportivo, que motivos o levaram a deixar o clube nesta fase?: "O regresso ao futebol profissional no ano passado foi muito motivado por eu ter finalizado o meu trabalho na escola. Curiosamente, fiz a última interrupção por causa da escola. A minha passagem anterior pelo Moreirense foi de três anos, subimos à Liga e nesse patamar já não tinha possibilidade de acompanhar a equipa na sua plenitude. Na altura, como estava relativamente próximo do fim da minha carreira como professor, resolvi fazer uma pausa no futebol para concluir o meu trabalho na escola. Depois de me reformar, deu-se este regresso ao Moreirense, pelo convite do presidente Vítor Magalhães. Retomei este trabalho com toda a intensidade, como todo o prazer e motivação porque o futebol faz parte da minha vida. Estou ligado ao futebol desde os meus 15 anos, mesmo com algumas interrupções, pelo que foi gratificante ter regressado, ainda por cima a um clube onde estive várias vezes, como jogador e responsável pelo futebol. Fizemos uma temporada que correu dentro do que perspectivávamos para um clube como o Moreirense. Foi uma época com várias vicissitudes, pelo que cheguei ao final do ano e entendi que não devia continuar. Três dias depois do campeonato acabar falei com Vítor Magalhães, agradeci o convite, mas disse que tinha acabado a minha missão no Moreirense. Sempre com respeito, com amizade, porque acho que é o melhor para mim e para o clube".

É o adeus ao mundo do futebol, ou apenas um até já?: "Gosto muito de futebol. A minha vida esteve sempre ligada ao futebol e não queria terminar a minha carreira. Mas, não sei o que vai acontecer. Saio do Moreirense por vontade própria, mas não tenho nada escondido na manga. Vou estar atento, apesar de não estar a fazer uma busca incessante. Não é que não tivesse a motivação, mas digamos que o que fiz até hoje já não me permite entrar em qualquer lado. E não quero ser mal interpretado com isto. Se encontrar um projecto com algumas condições poderei continuar ligado ao futebol, um projecto minimamente aliciante. Se não acontecer, estou bem de vida, sou feliz, vou viver a minha reforma".

Foi uma época muito exigente no Moreirense, com todas as questões que marcaram o último ano?: "Não posso dizer que não foi um ano desgastante. Particularmente, não foi um desgaste por aí além porque estava a fazer uma coisa de que gostava e quando fazemos as coisas de que gostamos os resultados aparecem com maior naturalidade e andamos sempre de cara alegre. Foi uma temporada marcada pelas questões da Covid-19, que marcou a equipa, que atrapalhou os comportamentos. Tivemos mesmo de pedir o adiamento de um jogo, diante do Paços de Ferreira, porque chegámos ao ponto de não termos jogadores para ir a jogo. Essa fase não foi nada fácil, mas conseguimos vencê-la com a boa vontade e compreensão de todos. Depois disso, tivemos outras contrariedades. Na última época, o Moreirense teve três treinadores e os jogadores acabaram por ser uns heróis porque passaram por tudo isto e alcançaram uma classificação honrosa, um 8.º lugar, com 43 pontos. É aos jogadores que se deve praticamente a totalidade da classificação. Claro que a quota parte dos treinadores não é indissociável, particularmente a do Vasco Seabra, que fez um belíssimo trabalho, e que ajudou a proporcionar uma boa classificação. Foi graças a ele que conseguimos esta classificação, que se calhar não era expectável perante os factos todos que foram ocorrendo durante a época desportiva".

Que significado tem um 8.º lugar no final de uma época em que o clube teve três treinadores, e ainda uma fase em que foi o Leandro Mendes a liderar a equipa?: "Foi uma excelente recompensa para o trabalho que todos tiveram de fazer. É claro que queremos sempre mais, se pudéssemos terminar no 7.º lugar era melhor do que o 8.º. Ao longo da época tentámos chegar ao 7.º e também ao 6.º, até porque houve uma fase em que estivemos muito perto. Mas, as outras equipas também almejavam o mesmo que nós e tinham argumentos para lutar connosco. No fundo, na minha perspectiva, a classificação final reflecte aquilo que foi a época do Moreirense".

Como foi possível garantir uma classificação tão boa, com a permanência a ser alcançada com bastante antecedências, com todas as mudanças na equipa técnica?: "Devo ressalvar a grande capacidade que os jogadores demonstraram em assimilar as ideias do seu líder, o treinador. Tínhamos um plantel com gente jovem, outros mais maduros, que estavam motivados. Fundamentalmente, foram inexcedíveis na aplicação e motivação. Estiveram sempre focados jogo a jogo para lutarem pela vitória. Foi-lhes sempre incutido um espírito forte para que nunca pudessem perder o momento e em cada momento aquilo que se lhes pedia. Foram fantásticos e responderam às dificuldades".

Nas publicações que muitos deles fizeram nas redes sociais após o final da época, vimos muitos jogadores a utilizar o termo família para descrever o grupo. Sentiu isso dentro do balneário?: "Os capitães da equipa tiveram um papel preponderante. Foram eles que dentro do espaço balneário criavam essas condições para que pudessem dar-se todos como irmãos. Eles falavam constantemente na palavra irmão, na palavra família, na união que tinham de ter. Os capitães eram jogadores experientes, o Moreirense foi feliz por ter esses homens à frente dos colegas. Depois dos treinos, os jogadores ficavam uma ou duas horas nas instalações do clube porque se sentiam bem. Esse foi o grande lema que motivou o caminho para as vitórias e para esta classificação. Os jogadores sentiam-se verdadeiramente como uma família".


Marcações: Moreira de Cónegos, Moreirense Futebol Clube, Manuel Ribeiro

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