Mobilidade

Tal como em reunião de Câmara tive ocasião de referir, reconhecendo a importância e a necessidade das ciclovias na ligação da cidade aos seus principais polos urbanos como Pevidém, Moreira/Lordelo, e S. Torcato, entendemos que a ciclovia prioritária deveria ser, claramente, a da ligação da cidade à vila das Taipas, acompanhando a requalificação da Estrada Nacional 101, por ser esse o itinerário que mais impacto tem na vida dos vimaranenses, tendo em conta os 40.000 que residem na zona norte e por onde diariamente circulam 20.000 automóveis.
1. Nos primeiros dias do passado mês de Setembro, surpreendeu-nos o pre­sidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, com uma proposta de transformação radical dos transportes coletivos de Lisboa e da sua área metropolitana, contando com uma acentuada descida do custo dos transportes, apontando mesmo passes gratuitos para crianças até aos 12 anos; passe único para Lisboa de €30 e de €40 para área metropolitana; e passe-família para todo o agregado com o preço correspondente a duas pessoas (60€/80€).
Os transportes públicos do nosso concelho são um tema que me tem merecido desde sempre uma especial atenção, nomeadamente desde o anterior man­dato de vereação, no qual desenvolvi várias intervenções de­nun­cian­do a política de autossuficiência orça­mental imposta pe­la Câmara aos conces­sionários dos transportes públicos.
Defendi nessas inter­venções a necessidade de alocação de meios significativos (1 a 2 M€/ano) em sede de orçamento municipal para a promoção do transporte colectivo em detrimento do transporte individual, seja pelas vantagens decorrentes em termos ambientais (ruídos e gases) seja, sobretudo, pelo impacto em termos de coesão social, já que são os mais fragilizados economicamente que deles mais necessitam, seja de coesão territorial por permitirem a aproximação das freguesias entre si e à cidade.
Foi, pois, com na­tural satisfação, que vi Lisboa reconhecer a importância de uma urgente intervenção neste importante sector da vida do quotidiano das pessoas. A grande diferença é que lá, em Lisboa, será o contribuinte que suporta, através do orçamento do Estado, o financiamento dessa medida e cá, na nossa terra, serão os vimaranenses a su­portarem através do seu orçamento municipal. Como o escândalo amea­çou rebentar, o governo interveio de imediato, anunciando que a medida se estenderia à área metropolitana do Porto e, com jeito, estou em crer, ainda virá, muito justamente, parar algum aos cofres municipais.
2. Continuando no tema mobilidade, tem-se vindo a assistir, nos últimos anos, a um intenso apoio ao uso da bicicleta nas principais cidades portuguesas imitando assim as grandes cidades europeias que neste capítulo levam largos anos de adianto em relação a nós.
Em Guimarães, por força da candidatura a Capital Verde Europeia, tornou-se indispensável a construção de quilómetros de ecovia/ciclovia, sendo, um pouco por isso, lançada a primeira fase da sua execução que liga o parque da cidade à cidade desportiva, ignorando o principal foco potenciador da utilização da bicicleta que é o pólo de Azurém da Universidade do Minho.
Entretanto, temos vin­do a assistir a várias intervenções públicas por parte do Snr. Presidente da Câmara, como a da inauguração da ecovia, anunciando novas ecovias/ciclovias, sobretudo junto às linhas de água, como a da ligação do parque de Ardão em Silvares a S. João de Ponte, Taipas, Barco, Briteiros e Donim numa extensão aproximada de 12 Km, preterindo o quotidiano em favor do lazer.
Ora, essa não deverá ser a solução, sabendo-se como se sabe que a principal função das ciclovias/ecovias deverá ser contemplar o transporte no dia-a-dia das pessoas, e que só assim se poderá atingir a meta europeia dos 7% da penetração da bicicleta na mobilidade urbana e que, na verdade, só mesmo o dia-a-dia justifica o elevado esforço de investimento que nele põem o orçamento municipal, o orçamento do Estado com 300 milhões de euros e o orçamento da União Europeia.
Tal como em reunião de Câmara tive ocasião de referir, reconhecendo a importância e a ne­cessidade das ciclovias na ligação da cidade aos seus principais polos urbanos como Pevidém, Moreira/Lordelo, e S. Torcato, entendemos que a ciclovia prioritária deveria ser, claramente, a da ligação da cidade à vila das Taipas, acompanhando a requalificação da Estrada Nacional 101, por ser esse o itinerário que mais impacto tem na vida dos vimaranenses, tendo em conta os 40.000 que residem na zona norte e por onde diariamente circulam 20.000 automóveis.
De resto, parece tam­bém ser esse o sentido das propostas que os municípios do quadrilátero urbano têm previsto nos seus projectos, ao localizarem as novas ci­clovias à margem das Estradas Nacionais.
 
Guimarães,  23 de Outubro de 2018
António Monteiro de Castro

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