Reciprocidade

Guimarães foi designada como Capital Europeia da Cultura para 2012, em resultado da sua grande pujança cultural, que havia tempos se vinha projetando muito para além dos limites do concelho vimaranense e de Portugal e atraiu as atenções das entidades envolvidas na escolha das localidades que, naquele ano, haveriam de ser o centro da cultura na Europa. Além de Guimarães, em 2012 igualmente foi designada a cidade eslovena de Maribor.

 

A escolha da nossa cidade foi, para os vimaranenses, motivo de intenso orgulho e grande satisfação. Orgulho principalmente pelo reconhecimento a nível internacional do que culturalmente Guimarães já representava; satisfação, de um modo particular porque a escolha seria fonte de dotação do nosso concelho de avultados contributos em fundos europeus, para aperfeiçoamento e desenvolvimento das infraestruturas culturais já existentes e lançamento de outras suscetíveis de acolherem artes para que as já edificadas se não encontravam suficientemente, ou não se encontravam, de todo, talhadas. Não só de infraestruturas beneficiou Guimarães, pois os contributos disponibilizados igualmente proporcionaram, através das escolas que para o efeito se instituíram, do acolhimento de artistas e de espetáculos produzidos, a intimidade dos vimaranenses com a arte e o seu apreço pelas manifestações artísticas de variada natureza, de que dou como exemplo a música erudita a que se afeiçoaram, sobretudo através da Orquestra Fundação Cidade de Guimarães e da notável perceção do espírito vimaranense por parte do seu maestro residente, As artes plásticas eram das menos favorecidas com infraestruturas de dimensão e dignidade bastantes, donde o projeto da Plataforma das Artes e da Criatividade, estrutura imaginada como local de acolhimento e rampa de lançamento das artes plásticas na sua componente moderna e contemporânea, tendo como o mais próximo, mas não único, ponto de partida e, porventura, primeira pedra, o facto de Guimarães ter sido o local de nascimento de um artista plástico de renome internacional, que, em honra da terra em que veio ao mundo, integrou, no seu artístico, o nome dela – José de Guimarães. Mas não só, porventura nem principalmente isso; José de Guimarães, tinha muitos anos antes, doado à cidade de Guimarães um conjunto de valiosas obras suas, pintura e escultura, desde então expostas em salas do Paço dos Duques de Bragança, tendo, nessa altura expresso que gostaria que tal doação constituísse, precisamente, o embrião de uma estrutura expositiva a edificar, à qual gostaria de ficar intimamente ligado e, através dela, à sua terra. Saltando pormenores, assim nasceu a Plataforma das Artes que haveria de acolher, como seu principal elemento, o Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG), destinado a ter como finalidade, para além do acolhimento e da exibição das coleções de arte de José de Guimarães – arte tribal africana, arte chinesa milenar, arte sul-americana pré colombiana, e obras da sua autoria pertencentes à sua coleção própria – aquilo que, nas palavras pelo próprio artista transmitidas, seria “uma estrutura dedicada à arte contemporânea e às relações que esta tece com artes de outras épocas e diferentes culturas e disciplinas”, devendo “em primeira instância desenvolver uma atividade em prol da arte contemporânea dos países integrados nessas zonas e representados nessas coleções (…). A sua [do CIAJG] vocação é, assim, transcultural, multi-histórica (sic) e transdisciplinar”. Ora, a verdade é que, pesem embora tais intenções, o CIAJG está transformado em pouco mais do que num depósito, digno e público mas um depósito, de peças das aludidas coleções de arte tribal, chinesa e pré-colombiana, peças colecionadas por José de Guimarães mas não da sua autoria, sendo residual, em valor e importância, o acervo de obras próprias em depósito no CIAJG, quando é sabido que o que mais atrai em José de Guimarães são precisamente a sua pintura e escultura, confessando-me eu um grande apreciador da obra pictórica e escultórica do artista, com inclusão das inúmeras peças em que pintura e escultura se fundem. Tenho visto inúmeras exposições de obras de José de Guimarães, tendo-me, mesmo, deslocado à espanhola Rioja propositadamente para esse efeito, algumas delas com harmoniosa convergência de obras de sua autoria com Guimarães foi designada como Capital Europeia da Cultura para 2012, em resultado da sua grande pujança cultural, que havia tempos se vinha projetando muito para além dos limites do concelho vimaranense e de Portugal e atraiu as atenções das entidades envolvidas na escolha das localidades que, naquele ano, haveriam de ser o centro da cultura na Europa. Além de Guimarães, em 2012 igualmente foi designada a cidade eslovena de Maribor. A escolha da nossa cidade foi, para os vimaranenses, motivo de intenso orgulho e grande satisfação. Orgulho principalmente pelo reconhecimento a nível internacional do que culturalmente Guimarães já representava; satisfação, de um modo particular porque a escolha seria fonte de dotação do nosso concelho de avultados contributos em fundos europeus, para aperfeiçoamento e desenvolvimento das infraestruturas culturais já existentes e lançamento de outras suscetíveis de acolherem artes para que as já edificadas se não encontravam suficientemente, ou não se encontravam, de todo, talhadas. Não só de infraestruturas beneficiou Guimarães, pois os contributos disponibilizados igualmente proporcionaram, através das escolas que para o efeito se instituíram, do acolhimento de artistas e de espetáculos produzidos, a intimidade dos vimaranenses com a arte e o seu apreço pelas manifestações artísticas de variada natureza, de que dou como exemplo a música erudita a que se afeiçoaram, sobretudo através da Orquestra Fundação Cidade de Guimarães e da notável perceção do espírito vimaranense por parte do seu maestro residente, As artes plásticas eram das menos favorecidas com infraestruturas de dimensão e dignidade bastantes, donde o projeto da Plataforma das Artes e da Criatividade, estrutura imaginada como local de acolhimento e rampa de lançamento das artes plásticas na sua componente moderna e contemporânea, tendo como o mais próximo, mas não único, ponto de partida e, porventura, primeira pedra, o facto de Guimarães ter sido o local de nascimento de um artista plástico de renome internacional, que, em honra da terra em que veio ao mundo, integrou, no seu artístico, o nome dela – José de Guimarães. Mas não só, porventura nem principalmente isso; José de Guimarães, tinha muitos anos antes, doado à cidade de Guimarães um conjunto de valiosas obras suas, pintura e escultura, desde então expostas em salas do Paço dos Duques de Bragança, tendo, nessa altura expresso que gostaria que tal doação constituísse, precisamente, o embrião de uma estrutura expositiva a edificar, à qual gostaria de ficar intimamente ligado e, através dela, à sua terra. Saltando pormenores, assim nasceu a Plataforma das Artes que haveria de acolher, como seu principal elemento, o Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG), destinado a ter como finalidade, para além do acolhimento e da exibição das coleções de arte de José de Guimarães – arte tribal africana, arte chinesa milenar, arte sul-americana pré colombiana, e obras da sua autoria pertencentes à sua coleção própria – aquilo que, nas palavras pelo próprio artista transmitidas, seria “uma estrutura dedicada à arte contemporânea e às relações que esta tece com artes de outras épocas e diferentes culturas e disciplinas”, devendo “em primeira instância desenvolver uma atividade em prol da arte contemporânea dos países integrados nessas zonas e representados nessas coleções (…). A sua [do CIAJG] vocação é, assim, transcultural, multi-histórica (sic) e transdisciplinar”. Ora, a verdade é que, pesem embora tais intenções, o CIAJG está transformado em pouco mais do que num depósito, digno e público mas um depósito, de peças das aludidas coleções de arte tribal, chinesa e pré-colombiana, peças colecionadas por José de Guimarães mas não da sua autoria, sendo residual, em valor e importância, o acervo de obras próprias em depósito no CIAJG, quando é sabido que o que mais atrai em José de Guimarães são precisamente a sua pintura e escultura, confessando-me eu um grande apreciador da obra pictórica e escultórica do artista, com inclusão das inúmeras peças em que pintura e escultura se fundem. Tenho visto inúmeras exposições de obras de José de Guimarães, tendo-me, mesmo, deslocado à espanhola Rioja propositadamente para esse efeito, algumas delas com harmoniosa convergência de obras de sua autoria com peças das suas coleções, particularmente da arte tribal, que visivelmente o influenciou. Ao ser decidida a construção da Plataforma das Artes e a instalação aí de um Centro Internacional de Artes com o nome de José de Guimarães, a cidade, sentindo-se honrada por nela ter tido vida um artista cuja qualidade vem sendo apreciada muito mais internacionalmente do que em Portugal, presenteou-o com uma estrutura para cuja edificação os vimaranenses, todos eles, contribuíram com o seu pecúlio, que foi aquele que, por não coberto com os contributos europeus, foi disponibilizado pelo município vimaranense, sendo que as disponibilidades do município provêm dos contribuintes vimaranenses. Por isso mesmo merecem os meus concidadãos, e mereço eu, que aprecio o artista e contribuí, não só com o pecúlio mas igualmente com esforço e trabalho, para que José de Guimarães visse cumprida uma sua aspiração, um seu enorme desejo, posso garanti-lo, de ter na sua terra aquilo que, até ver, lhe está dedicado, merecemos nós, vimaranenses, dizia eu, que o artista retribua quanto Guimarães e os vimaranenses o honraram, expondo na sua terra, no Centro de Artes a que foi dado o seu nome, o que comummente é mais apreciado na sua obra, peças emblemáticas do seu labor artístico, daquelas que o fizeram conhecido e apreciado em vários países e valorizado por grandes colecionadores de arte moderna e contemporânea. Na contabilidade do deve e haver entre Guimarães e José Maria Fernandes Marques, nomes de batismo de José de Guimarães, pelas minhas contas a nossa cidade tem muito a haver, a começar pela possibilidade de apreciar as mais valiosas e marcantes peças do seu artista, em exposição digna desse nome, que dignifique o autor das obras e honre aqueles que lhe deram o que ele tanto gostaria e em certa medida necessitava de ter. Não foi por mero acaso que eu acabei de dizer que Guimarães tem a haver uma exposição do “seu artista”; é que, até pelo nome adotado, José é “de Guimarães”, e não Guimarães de José.

     

Guimarães, 09 julho de 2019

António Mota-Prego 

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