Menos Estado, melhor Estado

Assistimos no passado sábado às eleições directas para o cargo de Presidente do PSD, um dos mais importantes partidos do nosso sistema político, seja pela sua forte implantação no todo nacional,

seja pelo facto de ser um dos fundadores da nossa democracia com grande responsabilidade na sua difícil consolidação - veja-se o 25 de Novembro de 1975 - seja pelo tempo que teve a responsabilidade da governação.

A acrescida importância deste acto eleitoral decorre da grave situação que o país e o mundo atravessam, ameaçados por um vírus que teima em não se dar por vencido, assumindo mutações capazes de irem pondo em causa os avanços da ciência, como que clamando a voz das nações pobres, esquecidas na luta pela vacinação e que constituem autênticos viveiros para as suas sucessivas mutações.

Com o sistema económico profundamente abalado pela perturbação das cadeias de produção atingidas no seu âmago pela paralisação ou ineficácia da logística, caminhamos, celeremente, para tempos de inflação estrutural e não conjuntural, obrigando, por isso, os bancos centrais a alterarem a sua actual política de cedência de liquidez e de juros negativos para uma posição de controle da massa monetária com taxas de juro que virão a trazer ao de cima as fragilidades das famílias, das empresas e dos países endividados.

Portugal, que em 30 de junho deste ano tinha uma dívida económica total de 762,5 mil milhões de euros, sendo a dívida pública 277,5 mil milhões correspondendo a 132,8% do PIB, viu o seu valor crescer para 135,4% do PIB em 30 de Outubro, um valor que nos coloca logo a seguir à Grécia com 207,2% e a Itália com um 156,4%.

Perante este preocupante cenário nacional e não menos preocupante envolvente Internacional, e com o país numa situação de grande fragilidade decorrente de uma governação socialista de seis anos capturada pelas exigências dos partidos da extrema-esquerda que lhe deram suporte parlamentar.

Depois da concretização de um conjunto de reversões altamente lesivas para o interesse nacional como a reprivatização da TAP, retirada aos acionistas maioritários, conhecedores do negócio, que gerou para os contribuintes um custo de mais de 3.000 milhões de euros, assim como a redução do horário de trabalho dos funcionários públicos para as 35 horas semanais, que tantos malefícios económicos e de qualidade de serviço trouxeram, bem visíveis na falta de médicos de família, nos atrasos dos cartões de cidadão, nas consultas e cirurgias nos hospitais, etc;

Depois do passo atrás dado na cooperação público/privada na saúde por puro preconceito contra o que é actividade privada, pondo fim aos bem-sucedidos contratos de gestão dos hospitais públicos por grupos privados, como o do Hospital de Braga, que conseguiram elevar a qualidade dos serviços de saúde prestados com um custo substancialmente inferior ao dos restantes hospitais públicos;

Depois de sermos iludidos com o anúncio do fim da austeridade, assistindo a uma crescente carga fiscal sentida no bolso pelos contribuintes, e de uma total paralisação dos investimentos públicos iniciados no governo de Passos Coelho, com consequências trágicas bem reflectidas na qualidade dos serviços públicos, eis que agora, com a eleição de Rui Rio para presidente do PSD, se abriu uma réstia de luz para o futuro do nosso país.

Na sua declaração de vitória e como arranque de uma nova etapa, a das eleições legislativas do próximo dia 30 de Janeiro, dizia: “Queremos uma governação que tenha mais rigor e menos facilitismo; temos de ter mais riqueza e menos endividamento, temos de mudar este rumo; temos de ter a força para reformar, para enfrentar os interesses instalados; temos de ter um governo que possa dar segurança aos portugueses na saúde; queremos menos impostos e melhor serviço público; precisamos de um país mais descentralizado”.

Tudo se podendo resumir a levar por diante o objectivo sempre desejado de ter menos Estado e melhor Estado.

Oxalá que os portugueses que ao longo da história deram provas da sua valentia tenham o discernimento de saber escolher os governantes que possam fazer de Portugal um grande país.

Guimarães, 30 de Novembro de 2021
António Monteiro de Castro

Imprimir Email