O ano velho e o novo ano

Apesar dos constrangimentos decorrentes da crise pandémica que nos tem afligido ao longo destes dois últimos anos, tivemos, desta vez, um Natal bem diferente do Natal de 2020.

 

Com o vírus agora revestido com roupagem nova, a variante denominada Ómicron, mais contagioso mas menos agressivo, e com os conhecimentos, as vacinas e os meios entretanto adquiridos, as famílias tiveram possibilidade de viver, quase na plenitude, a sua festa por excelência, a festa do Natal.

Quando fazemos uma retrospectiva do que foi a chegada do vírus a Portugal trazido das feiras de calçado de Milão, primeira zona fustigada da Europa, para o primeiro foco localizado na zona de Lousada / Felgueiras e analisamos a forma como se instalou e evoluiu a crise pandémica e as suas consequências na vida económica, familiar, social, académica, facilmente tomamos consciência da fragilidade da condição humana.

Chegados ao final do ano, o segundo da crise pandémica, é tempo de balanço, de reflexão e de preparação para o novo ano.

Poder-se-á dizer que o facto dominante em 2021 foi, novamente, a ameaça constante do vírus SarsCov2 e a doença Covid19 a ele associada e os constrangimentos que condicionaram a vida de todos nós.

Conceitos como teletrabalho, tele ensino ou atividades como compra online, takeaway, já experimentados no ano anterior, afirmaram-se no primeiro semestre do ano.

O avanço da investigação permitiu, no final de 2020, ter já várias vacinas contra o novo vírus, com especial referência para as desenvolvidas com base na técnica MRN mensageiro, que criaram condições para poder minimizar o impacto da doença.

Em Portugal, a task force criada pelo governo para a administração da vacina começou muito mal, com a sua coordenação entregue a um experimentado boy do Partido Socialista, de seu nome Francisco Ramos, o qual, depois de uma série de gafes, se viu substituído, nos princípios de fevereiro, pelo vice-almirante Gouveia e Melo que em poucos meses conseguiu a proeza de colocar Portugal como o primeiro país do mundo com maior taxa de vacinação.

A novela da TAP, mais um elefante branco para os contribuintes, protagonizada pelo ministro Pedro Nuno Santos, que ameaçava pôr os Alemães com as pernas a tremer face à ameaça de não pagarmos a dívida, marcou presença permanente ao longo dos meses, sendo o seu plano de recuperação apenas aprovado pela Comissão Europeia nestes dias de final do ano.

Os sucessivos reveses que têm afrontado o Serviço Nacional de Saúde são uma constante presença nos noticiários de cada dia, com demissões das administrações hospitalares por falta de recursos em consequência da falta de planeamento e da incompetência e incapacidade do ministério da tutela.

Os recorrentes desvarios do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, amigo de António Costa, que depois das cenas dos incêndios, das golas inflamáveis, da morte do cidadão ucraniano às mãos do SEF, da forma inconsciente e precipitada como se propôs terminar esta importantíssima força especializada de segurança do estado, mostraram à saciedade a sua insensibilidade e arrogância e, para quem tivesse dúvidas ainda, a forma como lidou com o acidental atropelamento e morte do trabalhador da auto-estrada pelo carro em que seguia e do qual era responsável, confirmaram-no definitivamente.

Em finais de outubro, a geringonça política, assim batizada por Vasco Pulido Valente a união de facto do Partido Socialista com o PCP e Bloco de Esquerda, que permitiu ao governo o apoio parlamentar necessário para a aprovação dos sucessivos orçamentos de Estado, pôs fim à sua existência ao reprovar o orçamento para 2022, provocando a dissolução do Parlamento.

A queda brutal do investimento; o aumento vertiginoso da dívida pública; o aparecimento da inflação com países a atingirem já 6%; o previsível aumento dos juros estrangulando países e empresas endividados; a profunda perturbação da cadeia logística com consequências desastrosas na produção industrial; o regresso dos tempos da Guerra Fria, com a Rússia a opôr-se à aproximação dos mísseis ocidentais pela eventual adesão à NATO de países como a Ucrânia; a luta hegemónica travada entre os Estados Unidos e a China na área da ciência, da tecnologia e da indústria, tudo são ingredientes que poderão tornar 2022 um ano pouco risonho.

O novo ano apresenta, portanto, nuvens densas e negras no horizonte, exigindo cuidados especiais aos futuros governantes que sairão das eleições de janeiro.

Oxalá que tudo corra bem.
Bom ano para todos.

Guimarães, 28 de Dezembro de 2022
António Monteiro de Castro

terça, 28 dezembro 2021 15:12 em Opinião

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