Estratégia de desenvolvimento económico em Guimarães gerou acalorada discussão na reunião do Executivo

A estratégia de promoção do desenvolvimento económico em Guimarães esteve em destaque na reunião do Executivo vimaranense desta quinta-feira, gerando uma acalorada discussão em que foram evidentes as divergências entre a gestão socialista e a Oposição .
Foi o único assunto debatido no período antes da ordem do dia. O tema foi lançado pelo Vereador do PSD, Bruno Fernandes, que começou por recordar que já há um ano tinha defendido que o Município de Guimarães deveria estar preparado para acolher "o ambiente económico favorável" face às condições de contexto, apresentando os resultados de uma análise que realizou centrada em três indicadores: parques industriais, taxa desemprego e notícias sobre investimento.

Depois de apontar a deficiente divulgação do Avepark e os deficientes acessos quer ao Avepark quer ao parque industrial de Pencelo e Selho S. Lourenço, o representante social-democrata comparou a taxa de desemprego em Guimarães "(7,8%, em Janeiro de 2018, e 7,1 % em Janeiro de 2019) com a de Vila Nova de Famalicão (8,52%, em janeiro de 2018, e 3, 9% em Janeiro de 2019)". "O concelho de Famalicão teve capacidade de captar de investimento", disse Bruno Fernandes, acrescentando referindo-se a Guimarães: "estamos fora do radar do investimento nacional e internacional". "Aqui tudo demora muito tempo... Continuam os anúncios, mas sem dados concretos", continuou, concluindo com o que classificou como "os dois erros nos 30 anos de governação socialista: achar que os transportes públicos não deveriam dar prejuízo e assumir que o desenvolvimento económico é uma matéria da responsabilidade dos privados".
"Todos os municípios que querem estar na liderança da captação de investimento e emprego tem estratégias objectivas para seduzirem as empresas nacionais e internacionais a fixarem-se no seu território", manifestou.
Confrontado com a argumentação, o Vereador da Divisão de Desenvolvimento Económico, Ricardo Costa, salientou o clima de proximidade que o Município mantém com os empresários na resolução dos seus problemas. "Convido-o a reunir com todos os empresários de Guimarães e de outros municípios, que sentem o ambiente favorável pela proximidade que existe com o tecido económico e com os centros de conhecimento", afirmou, observando que o representante do PSD "pegou nos dados que dão mais jeito". "Em 2013, o Município tinha 13 mil 288 desempregados e, em 2018, fechou com 5 mil 421, são menos 8 mil pessoas desempregadas. O ideal era ter zero", prosseguiu, realçando também "o índice de concentração do volume de negócios das empresas do Município". "Em Guimarães, é de apenas 6 por cento; o de Famalicão é de 39 por cento", frisou, explicando que a TMG está a desenvolver em Guimarães um investimento de cerca de 3 milhões num armazém robotizado, 70 por cento do seu volume de negócios depende de Guimarães, mas não conta para Guimarães... Assim como a Polopiqué que tem um volume de negócios de cerca de 100 milhões de euros... E a Intraplás!", declarou, alertando que "se há sector e área em que Guimarães evoluiu e muito foi a nível económico".
O Presidente da Câmara interveio na discussão, realçando que "Guimarães tem um legado industrial excepcional", enaltecendo o desempenho dos empresários. "É um pretensiosismo pensar que os vereadores e a Câmara vão fazer investimento! Está um ecossistema criado com condições excepcionais, numa articulação entre o sistema de ensino, os centros de transformação de conhecimento e a forte tradição industrial", advertiu Domingos Bragança, afirmando que "as intenções de investimento no Concelho" que estão a ser analisadas pelos serviços relacionadas com novas áreas comerciais e com novas residências para estudantes. "Em Guimarães, há uma história que faz a diferença. O edificado que nós queremos tem de ser com qualidade, com todo o cuidado e rigor. Pode acontecer, mas não queremos mamarrachos... E as áreas comerciais pelas suas dimensões têm de ser integrados no espaço público. Essa carteira de investimento está em negociação", assinalou, recordando que "a resolução dos acessos ao Avepark só ficou conseguida com este Governo". "O Estado democrático funciona com um enquadramento legal que é preciso cumprir... E há projectos que demoram anos", reagiu, apontando que "a via do Avepark só estará concluída após 2021".
Neste momento da intervenção, o Vereador do PSD, André Coelho Lima, comentou: "quem colocou ali o Avepark foram vocês".
Esta observação despoletou uma inflamada troca de argumentos entre o Presidente da Câmara e Bruno Fernandes, terminando a discussão com Domingos Bragança a dirigir-se ao Vereador da Divisão Económica, solicitando indicadores da ocupação do Avepark. "Todos os lotes estão comprometidos, vamos tentar disponibilizar mais duas parcelas de terreno que pertencem a privados", assinalou, concluindo que está em curso o projecto de instalação "da ACR Europa, no valor de 15 milhões de euros, do Instituto Cidade de Guimarães, com cerca de 100 milhões de euros envolvidos, o novo datacenter da Fundação para a Ciência e Tecnologia, duas empresas de cosmética e uma empresa tecnológica".

Excerto do artigo que será publicado na íntegra na edição de 8 de Maio de 2019 do jornal O Comércio de Guimarães. O programa Largo do Toural, da Rádio Santiago, no próximo sábado, a partir das 11h00, será dedicado à sessão.


quinta, 02 maio 2019 18:18 em Política

Marcações: reunião camarária, Investimento, desenvolvimento económico

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