Ex-Presidente do IHRU diz que Câmara de Guimarães não quer receber património do Instituto

O antigo Presidente do IHRU, Vítor Reis, considera que a solução para o conflito entre os moradores do Bairro da Nossa Senhora da Conceição e o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, por causa da actualização das rendas, são acordos de regularização de dívida. Vítor Reis que falava num debate promovido pelo PSD de Guimarães sobre habitação, acusou os partidos da geringonça de terem enganado os moradores.

"Os partidos de esquerda, o PS, o PCP e o Bloco, quando chegaram ao poder andaram de volta dos moradores a prometer que iam alterar a lei, que iriam encontrar um caminho para lhes resolver o problema", afirmou. Segundo Vítor Reis a verdade é que o problema não foi resolvido e agora "há famílias com dívidas superiores 25 mil euros" de rendas em atraso e juros de mora e "cada dia que passa as coisas pioram".
"Confesso que para muitas destas famílias só vai haver uma solução que é acordos de regularização de dívidas, pois vão ter de pagar para evitar despejos", acrescentou.
"A verdade é que as pessoas vão ter de pagar esses valores porque os estão a dever e chamo a atenção para o facto de já haver sentenças depois de terem perdido as acções em Tribunal... Há acções de despejo que continuam enfiadas na gaveta e as pessoas vão ter de chegar a acordo com o IHRU por forma a que haja um pagamento faseado. mas há que dizer de forma muito clara que é necessário apurar quem levou esta gente ao engano".

Vítor Reis que foi Presidente do IHRU entre 2012 e 2017, recordou que quando chegou ao Instituto pretendeu actualizar as rendas que se mantinham inalteradas há 40 anos mas, confessou, ter tido "um susto".
"Quando começamos a solicitar às famílias os rendimentos no sentido de fazer a actualização das rendas, não vos escondo que tive um susto". E explicou porquê: "Famílias a quem nunca tinha sido feita qualquer actualização de rendas durante 40 anos, aparecem com rendimentos de dois mil euros mensais. Deparei-me com um problema que é: ia ter um problema que era uma explosão pelo aumento do valor das rendas". Perante esta situação, Vítor Reis diz ter estabelecido "um plano faseado de três anos para que a renda não passasse de dois euros para 200 ou 300 de uma só vez". Mas essa decisão encontrou oposição de "cerca de 200 moradores que após o primeiro ano, recusaram continuar a cumprir o plano e inventaram uns processos judiciais, levados ao engano".

Para o antigo presidente do IHRU é claro que a Câmara de Guimarães nunca quis assumir o parque habitacional daquele Instituto.
"A Câmara Municipal de Guimarães recusou receber o património habitacional do IHRU, transferido a título absolutamente gratuito, ao contrário de muitas câmaras portuguesas".
Segundo Vítor Reis, "no caso de Guimarães, a Câmara anda há anos a «fugir com o rabo à seringa». A Câmara de Guimarães não quer receber património do IHRU, invocando que precisa de obras mas o que é certo é que muito dele está recuperado. Penso, sinceramente, que o problema é que a gestão deste património é muito problemático".

O Grupo Santiago já confrontou a Câmara com estas declarações mas ainda não obteve resposta.
Refira-se entretanto que o Grupo Santiago sabe que para terça-feira está marcada uma reunião entre a Secretária de Estado da Habitação e representantes das associações de moradores dos Bairros de S. Gonçalo, Nossa Senhora da Conceição e Gondar.


Marcações: PSD de Guimarães, IHRU, Vítor Reis

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