Trinta mulheres pediram ajuda à APAV

A violência doméstica continua a revelar contornos preocupantes. No ano passado, a Delegação de Braga da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima registou 233 pedidos de apoio, dos quais 30 foram feitos por mulheres residentes em Guimarães. Cada vez mais, o trabalho desenvolvido pela Delegação de Braga da APAV tem mais visibilidade. A responsável pelo funcionamento do serviço "as pessoas estão cada vez mais bem informadas sobre a possibilidade de recorrerem ao apoio prestado pelos profissionais que colaboram com a instituição".

Teresa Sofia Silva indica que, na maioria dos casos, são essencialmente as mulheres que recorrem ao serviço, embora também apareçam homens em busca de solução para os problemas de violência doméstica que sentem no lar.

À procura de ajuda, as mulheres que se dirigem à Delegação de Braga da APAV fazem-no quase como sendo "o último recurso para conseguirem ultrapassar um problema com o qual não conseguem viver".

No seio da instituição, encontram "apoio jurídico, apoio psicológico ou obter informações na tentativa de se libertarem do drama que as impede de viver com dignidade".

Desta forma, as pessoas que trabalham na APAV têm como grande missão o desempenho de um papel "mediação". "Ouvimos, aconselhamos, procuramos oferecer um leque de opções que as pessoas podem tomar no sentido de resolverem os seus problemas", esclarece Teresa Sofia Silva.

Pelas impressões que tem conseguido recolher no contacto diário que estabelece com os utentes, a responsável assinala que, geralmente, "as pessoas que se dirigem ao serviço pertencem à classe social mais baixa, que vive com muitos problemas financeiros; mulheres que são desempregadas e que dependem do marido para garantirem a sua subsistência e a dos filhos".

De qualquer modo, a violência existe em todos os estratos sociais, "embora aqueles que possuem mais recursos nem sempre tenham à vontade para expor os seus problemas, procuram directamente o psicólogo ou o advogado para conseguirem enfrentar a situação devidamente esclarecidos".

Habituada a ouvir os depoimentos de inúmeras mulheres aflitas, à procura de uma solução para conseguirem combater o problema da violência, Teresa Sofia Silva revela que as pessoas que procuram o serviço já lá chegam "numa situação limite, como se fosse o último recurso para viverem com dignidade".

"São pessoas que passam muitos anos a sofrer maus tratos e chegam à conclusão que a realidade pode ser diferente se tiverem o apoio ou a ajuda de alguém.

Muitas vezes, esperam a ajuda dos filhos, mas nem sempre isso acontece", elucida a responsável, indicando que as situações envolvem violência física, psicológica e sexual.

Realçando que "as pessoas que são vítimas de violência doméstica sofrem muito devido à solidão que enfrentam", Teresa Sofia Silva declara que "só o facto de encontrarem alguém a quem podem expor os seus problemas constitui um grande alívio".

Mais do que apoiar na resolução do problema relacionado com a violência doméstica, importa também proporcionar um encaminhamento adequado às vítimas de violência conjugal que estão dispostas a alterar a sua situação. Com efeito, os meios à disposição da APAV são poucos e não chegam para acudir a todas as situações.

sábado, 02 março 2002 12:31 em Segurança

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