Herança cultural de 18 freguesias de Guimarães mapeada pela equipa do Hereditas

Em seis meses de trabalho, o projecto Hereditas mapeou o património material e imaterial do Concelho de 18 freguesias: Longos, Balazar, Briteiros Stª. Leocádia, Briteiros S. Salvador, Briteiros Stº. Estêvão, Donim, Gondomar, Arosa, Castelões, Gonça, Sande S. Lourenço, Sande S. Martinho, Sande S. Clemente, Sande Vila Nova, Caldelas, Barco, Souto S. Salvador e Souto Santa Maria.

O trabalho da vasta equipa envolvida originou a criação de 1413 fichas de arquitectura, 346 de paisagismo, 54 de arqueologia e 73 de património móvel, estando já referenciadas 73 paróquias medievais que incluem Vizela por ser, à data, território integrante do concelho de Guimarães. Nesta primeira fase, foram tidos como relevantes 210 bens inseridos no património imóvel.
Os dados foram revelados ao Grupo Santiago pelo Vereador do Departamento de Urbanismo, destacando que o Hereditas - Atlas da Paisagem Cultural de Guimarães - tem como "princípio ideológico" "a elaboração de uma base de dados do património cultural do Concelho, entendido no seu sentido mais lato e, como tal, integrando os três grandes inventários que se lhe consideram inerentes: o do património construído, o do património natural e o do património imaterial".


Fernando Seara de Sá insiste que não quer que seja "somente um mero registo para memória futura", mas "uma infraestrutura alicerçante de salvaguarda patrimonial de todo um Concelho, da programação turística e cultural e da investigação, ao mesmo tempo que veicule e promova a interação entre os vários departamentos da autarquia, através da partilha de informação e conhecimentos". "É igualmente expectável que o produto daqui resultante se assuma como ferramenta indispensável à próxima revisão do Plano Diretor Municipal, assegurando um inventário legalmente constituído e capaz de originar um conjunto de regras claras, precisas e objectivas, conducentes à preservação e salvaguarda de um património único e insubstituível", acrescentou, ao destacar que foi "pensado como um projecto cujo tempo de execução se torna difícil, senão impossível, de balizar", embora nesta fase inicial a duração seja de dois anos. "Findo este prazo, e face às metas atingidas pelo projecto, caberá à Autarquia a decisão da sua continuação ou do seu termo", expressou, explicando que o processo de selecção obedeceu à consideração de "valores tidos como fundamentais aos bens, nomeadamente: a concepção arquitetónica; a inserção paisagística; a autenticidade; a singularidade e o interesse como testemunho religioso".
Trata-se de uma lista em aberto, em que serão sempre adicionados outros bens, mediante a comprovação de "constituírem-se como testemunhos notáveis de vivências ou factos históricos ou revelarem-se importantes sob o ponto de vista da investigação histórica ou científica".

"No respeitante aos bens móveis já registados, deverão os mesmos ser sujeitos ao escrutínio do Vigário Geral e Moderador da Cúria, Cónego José Paulo Leite de Abreu, uma vez que, desde que os trabalhos se iniciaram, foi já possível acordar com a Arquidiocese de Braga uma estreita colaboração que, se bem que ainda dependente da formalização protocolar, permitirá à Autarquia proceder ao inventário das igrejas e capelas do Concelho", acrescentou o responsável. No que se refere aos bens que integram a paisagem, "aguarda-se a entrada em funções de um assessor para esta área para que se possa fazer uma avaliação científica definitiva, tendo os trabalhos de inventariação sido supervisionados, até à data, pela arquitecta paisagista do Município, Rita Salgado".
O Vereador do Departamento do Urbanismo apontou que "a equipa tem-se deparado com alguns desafios na área do estudo e revitalização de carácter intermunicipal, como são casos do estudo exaustivo e sistemático das freguesias que integram o Programa Intermunicipal dos Sacromontes e a proposta para a salvaguarda, conservação e valorização do caminho romano de Serzedo/Ribavizela". "Foi já possível verificar a existência de uma plataforma do Castro de Santa Marta das Cortiças (até agora associada apenas a Braga, conforme o confirmam os decretos de classificação), posicionado de forma inequívoca em território do concelho de Guimarães", frisou, referindo que "alguns escritos dispersos até agora encontrados dão conta de materiais que, pela sua natureza, indiciam um assentamento romano de importância considerável".

A equipa envolvida no projecto visitou também a Quinta da Ribeira, em Ponte, "que se pretende venha a ser o caso de estudo do projecto Hereditas, pelo contexto histórico, paisagístico e arquitetónico em que se foi desenvolvendo ao longo dos séculos. Se bem que contando com a total disponibilidade do seu proprietário, será, para tanto, necessário protocolar esta colaboração por forma a assegurar a total legitimidade de todos os documentos que vierem a ser produzidos e reproduzidos". Os alunos da Escola de Arquitetura da Universidade do Minho se encontram já a elaborar o levantamento dos edifícios que constituem a propriedade.

Custos com a equipa do Hereditas desde o início do projeto: 43 mil 400 euros
Custo total estimado (Julho 2018 – Julho 2020): 200 mil euros


Marcações: Hereditas

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