Pede para comer nas ruas após ter abandonado centro de acolhimento em Guimarães

É um drama social que tem sido frequentemente partilhado por diversos grupos de Guimarães nas redes sociais. Várias pessoas relatam a abordagem feita por um jovem, que diz ter 19 anos, que educadamente e com cortesia pede dinheiro para comprar comida, alegando ser sem-abrigo e não ter onde dormir. O jovem marca presença em diferentes locais: no centro da Cidade, num posto de abastecimento em Mesão Frio e na Alameda Mariano Felgueiras.

O caso tem gerado uma onda de solidariedade. Há pessoas disponíveis a ajudar e até ofertas de integração profissional.

Confrontada com a situação pelo Grupo Santiago, a Vereadora responsável pela Acção Social confirmou que a Câmara de Guimarães está a acompanhar a situação, tendo já desenvolvido "uma série de iniciativas para resolver um problema que é muito complexo devido ao estado de saúde do cidadão em causa".

Paula Oliveira garantiu que "o cidadão está referenciado, já esteve alojado pelo menos duas vezes no Centro de Acolhimento", criado pela Câmara Municipal no início da pandemia, "tendo estado recolhido por mais de 10 dias, mas abandonou a resposta por iniciativa própria". 

"Voltou a solicitar o acolhimento e foi aceite de acordo com as regras de sã convivência de todos aqueles que estão nesta resposta social, mas por sua iniciativa voltou a abandonar a resposta que assegura alimentação e alojamento, sendo permitida a saída durante o dia", acrescentou a responsável.

Apesar dos esforços feitos no sentido de assegurar a intervenção adequada, segundo Paula Oliveira, "o jovem tem recusado ajuda, demonstra indisponibilidade para comparecer". "Foi convocado para fazer a avaliação da sua situação de saúde e não compareceu", sublinhou, assinalando que durante os dias frios de Janeiro "o jovem esteve alojado numa pensão".

"Nunca desistimos de ninguém, oferecemos todas as respostas para que todos tenham uma vida digna. Quando recusam... É tudo muito complexo", afirmou, reconhecendo que os serviços sociais estão a acompanhar com proximidade outros casos semelhantes existentes no Município, tendo até dirigido processos ao Ministério Público "para assegurar uma vida digna a estes cidadãos, num trabalho conjunto com outras entidades, de forma a conseguir uma orientação e actuação multidisciplinar".

Paula Oliveira fez questão de insistir que "ninguém tem de passar fome em Guimarães ou de dormir na rua, porque o Município criou e dispõe de respostas sociais imediatas", mas advertiu: "Perante a recusa... Não desistimos, embora seja difícil concertar uma intervenção capaz de assegurar a dignidade da pessoa." "É um jovem maior de idade, livre de fazer escolhas, pode usufruir gratuitamente das refeições na cantina social ", realça Paula Oliveira, ao sublinhar que a pandemia "agravou" a situação.

Marcações: sem abrigo, Centro de Apoio aos Sem Abrigo

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