Edifício reabilitado para acolhimento de 15 menores refugiados na Rua da Caldeiroa

A obra de reabilitação está praticamente concluída, mas para o equipamento e mobiliário para que o edifício fique apto a acolher o Centro de Acolhimento para Menores não Acompanhados a Necessitarem de Protecção Internacional. Esta nova valência social da Associação de Apoio à Criança irá funcionar no imóvel cedido para o efeito pela Câmara de Guimarães, situado na Rua da Caldeiroa, junto a um dos acessos ao Parque Camões.

A intervenção agora concretizada resulta de um "processo longo" que ainda precisa de um acordo com os serviços da Segurança Social para que seja possível assegurar o financiamento necessário para a cobertura das despesas de funcionamento corrente desta nova resposta social", assinala a Presidente da Direcção daquela Associação, congratulando-se com a generosidade do Município que disponibilizou o edifício e contribuiu para a sua reabilitação, de forma a garantir as condições para "o acolhimento de menores não acompanhados a necessitarem de protecção internacional".

"Será um centro de acolhimento para 15 jovens estrangeiros não acompanhados. Surge vocacionado para o acolhimento de menores, adolescentes que chegam ao nosso País, uns espontaneamente e outros com acolhimento programado", explicou Joana Prata, realçando que a obra "está praticamente pronta e passará à fase do equipamento". "Já apresentámos uma candidatura aos fundos europeus para que o espaço seja dotado com o máximo conforto possível para receber os jovens", acrescentou, precisando que "serão menores não acompanhados, adolescentes com idades compreendidas entre os 15 e os 17 anos". "Tencionamos receber 15, mas teremos de passar à fase do acordo com a Segurança Social para assegurar o funcionamento. Estamos em negociações com a Segurança Social para isso", prosseguiu.

O desenvolvimento deste projecto decorre do envolvimento da Associação de Apoio à Criança no consórcio Guimarães Acolhe. "Tem sido um projecto bastante longo, o lançamento tem sido muito demorado. Em 2015, quando ocorreu a grande crise humanitária dos refugiados, propusemos abrir uma instituição para crianças nessa condição. Integramos o Guimarães Acolhe e participamos nas reuniões, manifestando sempre a vontade de abrir um centro de acolhimento. A Câmara foi generosíssima ao ceder-nos aquele imóvel porque está muito bem localizado junto ao Parque de Camões e tudo tinha as melhores condições para andar. Quando recorremos a fundos europeus, a primeira candidatura ficou sem dotação orçamental, Esperamos por uma nova chamada para candidaturas e já fomos contemplados", recordou a responsável, sublinhando o propósito desta iniciativa: "temos de abrir os olhos para o resto do mundo e temos de pensar que nós temos problemas, mas há pessoas que fogem de países em guerra, dominados por grupos extremistas e têm situações gravíssimas. Na Síria, no Afeganistão... Temos de conseguir ver mais além e ser solidários com os seres humanos indefesos que procuram viver com dignidade".
Reconhecendo que a criação desta nova valência representa uma nova etapa na vida da Associação de Apoio à Criança, Joana Prata insiste na necessidade de "olhar para o mundo, porque temos de ser solidários com as tragédias dos refugiados e com as crianças que chegam completamente perdidas".

17 menores confiados
à Casa da Criança

Criada em 2001, a Associação de Apoio à Criança surgiu com o objectivo de assegurar o acolhimento temporário de crianças, vítimas de maus tratos, negligência ou abandono.

Actualmente, a instituição cuida e zela pelo bem-estar de 17 menores, nas instalações da Casa da Criança. "Infelizmente, ainda há muitas crianças que para serem protegidas são retiradas das suas famílias e temos de continuar a prestar o nosso serviço, o que fazemos com a maior qualidade possível. Temos de fazer o melhor pelas crianças que nos são confiadas já que estão privadas da família", assinala a Presidente da Direcção, observando que "há sempre crianças que chegam e que saem, crianças que regressam à família e outras que são encaminhadas para adopção. "Nos últimos anos, temos recebido muitos grupos de irmãos que quando saem, saem juntos, regressando normalmente à sua família biológica".

Os efeitos da pandemia da Covid-19 não passaram à margem desta Instituição, com repercussões na gestão dos recursos humanos. "Há sempre alguém que obrigatoriamente tem de ficar em casa ou porque está em isolamento obrigatório, ou porque tem um familiar, ou tem filhos pequenos. Esta semana não há aulas e as crianças fazem as suas actividades na instituição, obrigando a um reforço do acompanhamento. Há funcionárias que estão impedidas de exercer funções porque estão de baixa médica, o que obriga a um esforço muito grande", apontou Joana Prata, sublinhando que "a Covid-19 tem exigido um esforço suplementar para a Instituição, na medida em que tivemos de efectuar novas contratações. No ano passado, chegamos a ter mais sete funcionárias do que é o normal, o que representa para nós um enorme constrangimento financeiro. Mas, não podemos perder a qualidade dos cuidados que prestamos às crianças".

A Casa da Criança funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, acompanhando temporariamente menores dos zero aos doze anos. "Temos um menino com 14 anos, mas é algo excepcional. É uma criança que irá voltar para a família. A vocação da associação é o acolhimento de crianças mais pequenas", rematou a responsável, ao dar conta que a instituição tem ao serviço 23 colaboradores.

Marcações: Associação de Apoio à Criança, Centro de Acolhimento para Menores não Acompanhados a Necessitarem de Protecção Internacional, acolhimento de menores refugiados

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