Residente do CliHotel de Guimarães celebrou 100 anos de vida

José Silva, alfaiate e escuteiro, passou décadas a criar roupas masculinas sob medida. Perdeu a conta aos fatos que produziu, artesanalmente, com cortes retos e precisos e tecidos clássicos. Mas, no domínio das vestes, a verdadeira paixão do alfaiate José Silva, que a 26 de dezembro último celebrou 100 anos de vida, foi sempre o mesmo fato: o de escuteiro. Foi precisamente por tudo o que fez pelos agrupamentos regionais do Corpo Nacional de Escutas que uma numerosa comitiva de escuteiros, de todas as idades, marcou presença na festa de aniversário que a família e o CliHotel de Guimarães, residência sénior onde vive há 14 anos, organizaram para o surpreender.
«Os escuteiros gostam muito dele. Tenho pessoas que ainda me ligam hoje propositadamente a perguntar pelo meu pai. Tenho amigas que me ligam a dizer: “Olha, como é que está o teu pai?”, explica Augusta Silva, a sua filha mais nova.

A par da alfaiataria e da família, pertencer os escuteiros enche José Silva, ainda hoje, de orgulho. «Ser escuteiro significa muito para ele. Volta e meia, mesmo no lar, ainda veste a farda. Adorou ser escuteiro. Chegou a dizer que os melhores tempos da vida dele foram nos escuteiros», revela a filha, com um largo sorriso no rosto, por se estar a lembrar de algumas peripécias vividas pelo pai.
Augusta Silva recorda-se do dia em que o progenitor, e mais dois amigos, alugaram um autocarro para uma viagem de grupo e, para espanto dos três, apenas eles compareceram, tendo de suportar toda a despesa. Ou do dia em que, após uma viagem a Cabeceiras de Basto, apareceu em casa com uma cabra e um cabrito. «É para criar», terá respondido à esposa, tão incrédula quanto os filhos.
Aos 80 anos de idade, José Silva ainda trabalhava como alfaiate e até a TVI se rendeu à sua mestria, dedicando-lhe uma reportagem. Após o falecimento da esposa, em janeiro de 2010, José Silva decidiu passar a viver no CliHotel de Guimarães. «Graças a Deus correu bem. Ele gosta de estar no CliHotel. Nota-se que está satisfeito. Elas brincam com ele e ele brinca muito com elas, há uma boa relação. O meu pai é uma pessoa muito comunicativa, gosta muito de falar, de brincadeiras», conta Augusta Silva, feliz por ter um pai «ainda autónomo» e que, para já, «só precisa de fisioterapia por causa das pernas».
Tem tido muitos louvores ao longo da vida. Com destaque para as homenagens regulares do Corpo Nacional de Escutas ou para a da Junta de Freguesia de Polvoreira, há três anos. Porém, o privilégio de completar 100 anos, junto dos que se lhe são mais queridos, será, porventura, a homenagem da vida a quem a procurou sempre respeitar, sem deixar de a olhar de frente.
Aos 100 anos de idade, José Silva continua a viver o ideal escutista. Comprometido consigo e com os outros. À procura do melhor para todos.

 


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