André André no podcast 'Dezanove 22': "Os meus filhos são sócios do Vitória desde o dia em que nasceram e vibram muito com o clube"



André André foi o convidado do sexto episódio do podcast 'Dezanove 22', produzido pelo Vitória.

No episódio revelado na noite desta quarta-feira, o experiente jogador abordou diversos temas, como, por exemplo, a escolha do seu nome: “Ouvia por vezes a piada do André ao quadrado. Acontecia na escola. O André vem da família do meu pai. A minha mãe queria batizar-me de António e foi uma enfermeira que sugeriu André André para ser original. Ela gostou e assim ficou. O meu pai também é António e eu até gosto, mas acho que ficou bem André André. Eu gosto”, confessou. O seu pai, antigo jogador do FC Porto, “só veio a Guimarães ver um jogo, isto na minha segunda época no Vitória. Foi um Vitória-Braga. Foi um bom jogo, depois nunca mais veio. E acho que não viu nenhum meu quando estava no FC Porto. Quando eu estava no Varzim, ia sempre. Em miúdo, quando ele dizia que ia assistir a um jogo, eu começava a chorar para ele não ir. É que se ele fosse, a minha mãe também ia, mais a fanfarra toda atrás… As minhas tias. É só mulheres da parte da família da minha mãe. Uma vez foram todas e era uma gritaria sempre que eu tocava na bola. Não gostava disso e proibi-os de irem lá, mas ele continuava a ir, às escondidas”. As comparações com o pai também foram tema da animada conversa: “Nunca senti essa pressão em miúdo porque os meus companheiros percebiam que eu tinha qualidade. Por outro lado, meti na cabeça que só daria o salto por causa da minha qualidade, nunca por causa do meu pai ter jogado no FC Porto. Isso fez-me crescer, mas também houve comparações. Disseram-se algumas coisas que não eram verdade. Mesmo assim, tudo correu bem. Estou orgulhoso da minha carreira e da carreira do meu pai. Gostava de somar o mesmo número de títulos que ele teve, mas infelizmente não está a ser possível. Vamos à procura do que temos”.

Jogador raçudo, André André deixou alguns reparos aos jovens aspirantes a profissionais. “Agora os jovens já só pensam em jogar no Real Madrid; nós só pensávamos em alcançar a equipa principal do Varzim. Era esse o nosso sonho. E era difícil lá chegar. Até aos juniores joguei em pelados, mas era uma grande geração. Lembro-me do Neto e do Yazalde; o Marafona era dois anos mais velho. Tínhamos muita fome de bola. Lembro-me de um companheiro que festejou um golo imitando um peixinho… num pelado. Chegávamos a jogar, em peladinhas, sem t-shirts contra os outros que estavam de colete. Tudo isso nos ajudou a crescer. Agora as coisas são mais fáceis”.

O médio assumiu que procura “meter exigência nos treinos” aos jogadores mais novos, “com o objetivo de ganhar e melhorar. O Vitória tem de ser assim. Queremos sempre mais, temos de ter essa exigência de ganhar no dia a dia. É essa mística que tento passar, não é estar a dizer aos mais novos como são os adeptos ou quantos anos tem o clube. Mas falo, nada fica entalado. Quero que olhem para mim como um jogador que quer sempre ganhar e que dá tudo pelo clube… com qualidade”.

Entre os momentos mais arrepiantes vividos no Estádio D. Afonso Henriques, André André apontou o jogo com o Benfica “quando o clube estava a festejar os 100 anos. O ambiente no estádio era muito bom. Lembro-me também de um Vitória-Braga, para a Taça, em que perdemos, mas fomos aplaudidos de pé. Foi sinal de que demos tudo em campo e isso foi reconhecido pelos adeptos. A exigência do Vitória é a exigência de um grande. Essa exigência faz crescer os jogadores. Noutro clube, não cresceriam da mesma forma. Isso ajuda os jovens a queimarem etapas. Queremos tanto, como os adeptos, ganhar. Quem me dera ser campeão pelo Vitória, quem me dera ganhar tudo por este clube. Trabalhamos para isso, pelo menos tentamos, mas precisamos que nos ajudem, especialmente em casa. As outras equipas sentem essa força no nosso estádio. Queremos um Vitória sempre melhor. É esse o nosso foco”.

André André também contou que os seus três filhos “são sócios do Vitória desde o dia em que nasceram e vibram muito com o clube. Assistiram comigo ao jogo com o Portimonense e o adversário fez o 1-2 no final… O mais velho disse logo isto: 'pai estou farto disto, vamos embora’. Tive de ser eu e o irmão do meio a transmitir-lhe calma. Costumam dizer que ser-se do Vitória é ser-se especial, isto quando os colegas se metem com eles. Sentem o clube a sério. Sabem as músicas todas do clube e até querem assistir a um jogo juntamente com a claque”.

Sobre o seu futuro depois do fim da carreira de jogador, André André revelou que “gostava de continuar ligado ao futebol, de preferência ao Vitória. É algo que já está entranhado em mim desde miúdo. Gosto muito de futebol. Treinador? Acho que gostaria de ensinar miúdos, mas nada está definido. É um cargo complicado”.


Marcações: Vitória Sport Clube, André André, Dezanove 22

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