Imigração faz disparar número de alunos inscritos nas escolas de Guimarães

O número de alunos inscritos nas escolas de Guimarães aumento, invertendo-se a tendência de redução registada nos últimos anos. Para ano lectivo 2022-2023, há mais cerca de 500 alunos inscritos para frequentarem os diferentes níveis de ensino, numa tendência que surge associada ao fenómeno da imigração.

A constatação é feita pela Vice-Presidente do Município e responsável pela Educação, ao perspectivar que está tudo pronto para o arranque "com toda a normalidade" no novo ano lectivo em Guimarães.

Na próxima segunda-feira, as crianças que frequentam do ensino pré-escolar e 1º ciclo já estarão envolvidos nas actividades de animação e apoio à família (AAF) e componente de apoio à família (CAF), reservando-se para a semana seguinte o início das aulas em todos os estabelecimentos de ensino. "Está tudo ponto para receber os alunos, os transportes, as refeições... Pela primeira vez, vamos ter já em Setembro algumas actividades de estimulação", garantiu Adelina Paula Pinto, sublinhando o facto do número de alunos ter aumentado no Município. "É uma boa notícia. Há um fluxo migratório muito grande com reflexo no número de alunos, ou seja, este indicador não resulta apenas do saldo natural, mas apresenta-se como um desafio excelente", afirmou, ao considerar: "a frequência escolar de alunos de diferentes nacionalidades é uma grande oportunidade de compreensão da diversidade cultural. O mundo é a cores! E a escola tem de preparar os alunos para a vida".

Com cerca de 18 mil alunos a frequentar as escolas do Concelho, cuja gestão está agora confiada ao Município de Guimarães, a Vereadora da Educação não esconde que verifica-se uma maior pressão em alguns estabelecimentos de ensino. "Tivemos uma enorme pressão no pré-escolar, o que nos levou a reforçar o número de salas, com mais incidência na área urbana, com um investimento grande porque exige-se equipamentos e mobiliário adaptado às necessidades das crianças. O Agrupamento Santos Simões e o Agrupamento Francisco de Holanda são os que reflectem o maior número de alunos. Por isso, estamos a preparar a instalação de dois contentores na Escola EB 2, 3 Santos Simões, o que demonstra a necessidade de obras naquela escola, um processo que está já a ser tratado", indicou, observando: "é preferível estar a colocar contentores do que termos de encerrar escolas".

"Estamos a acompanhar as escolas no sentido de proporcionarmos a qualidade educativa a todos alunos, aos que já frequentavam as escolas e aos 'novos' porque todos têm direito ao ensino de qualidade", acrescentou.

Para além do pré-escolar, o aumento do número de alunos também se faz sentir "com alguma pressão" no ensino secundário, num ritmo que abrange todos os agrupamentos de escolas. Adelina Paula Pinto destaca esse fenómeno, dando o exemplo do Agrupamento de Briteiros onde foram criadas mais duas salas do ensino pré-escolar e o Agrupamento das Caldas das Taipas que "está completamente fechado e não consegue acolher mais alunos". "Há um crescimento global em todo o Concelho, o que é muito bom, porque essa tendência verificava-se apenas na parte urbana e agora temos também abrangidas as escolas da periferia, o que nos mostra que a rede de migrantes está a dispersar-se pelo Concelho, o que permite uma coesão territorial e um crescimento mais global", analisou, ao lembrar o drama que sentiu quando teve de encerrar algumas escolas. "É uma decisão difícil, não pela componente lectiva porque essa está plenamente assegurada aos alunos, mas pela dinâmica das freguesias e dos locais onde estão as escolas, porque sem ela a funcionar acabam por ficar mais pobres, porque uma escola em funcionamento é muito importante para qualquer comunidade. Felizmente, este ano, não se colocou nenhuma situação de encerramento", prosseguiu.

Obras em várias escolas

A instalação de dois contentores na Escola EB 2, 3 S Santos Simões será provisória. Adelina Paula Pinto adiantou que a intervenção é "prioritária" e faz parte do pacote de financiamento estabelecido com o Governo. "Temos o programa funcional para aumentar a escola, o documento já foi visto pela Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares e já está a ser elaborado o projecto. Para responder às necessidades deste ano, vamos ter diois contentores, com a expectativa de que a obra possa avançar no próximo ano", justificou.

A responsável salientou que está a ser o levantamento necessário para o projecto de reabilitação da Escola EB 2, 3 de Pevidém, "porque precisa de ser melhorada e está a decorrer a intervenção na escola de São Torcato". "Estes três edifícios escolares são as prioridades do Governo, mas temos ainda de contar com a Escola EB 2, 3 Afonso Henriques, em Creixomil, que é também para nós prioritária, porque fez 40 anos e precisa de investimento, porque está numa zona urbana que cresceu bastante", vincou Adelina Paula Pinto.

Ensino profissional
com baixa procura

Fazendo questão de lamentar que a procura pelo ensino profissional esteja abaixo dos desejados 50 por cento das preferências dos jovens, situando-se nos 35 por cento, a Vereadora da Educação mostrou-se preocupada com as implicações desta realidade atendendo ao perfil dos alunos. "Há um número significativo que teria uma melhor resposta no ensino profissional, mas é uma oferta que depende da escolha dos alunos e dos respectivos encarregados de educação. O ensino profissional é uma oferta de qualidade, de futuro, que não fecha portas, pelo contrário, permite uma qualificação e especialização em áreas de competência técnica que são muito procuradas pelas empresas", advertiu.

Abertura à
multiculturalidade

Com as escolas cada vez mais multifacetadas do ponto de vista das nacionalidades dos seus alunos, Adelina Paula Pinto manifestou satisfação "com a forma como as escolas respondem às questões da interculturalidade, "com projectos inovadores".

"Temos o caso da Escola EB 2, 3 Virgina Moura, em Moreira de Cónegos, que trabalha com alunos com laços ao Nepal e ao Bengladesh. Temos uma comunidade muito grande alunos brasileiros cuja presença é praticamente transversal a todas as escolas. Sempre que chega um aluno novo, as escolas adaptam-se para organizar respostas ao nível dos transportes escolares, dos manuais, do material.
Mesmo os alunos com necessidades educativas especiais, as escolas abriram as suas portas a estas crianças e tivemos de criar soluções, com uma aumento de custos grande, mas com soluções adequadas a cada uma. Estamos a acolher e temos de oferecer qualidade. Por isso, houve um aumento do nosso trabalho interno de acompanhamento".

Volvido um ano desde que o Município assumiu a transferência de competências em matéria de educação, a Vereadora da Educação referiu que está a ficar concluído o processo de uniformização dos sistemas de gestão, permitindo ao Município aceder a dados quase em tempo real. "Há uniformização de cartões, da marcação de refeições, de disponibilização de informação aos pais. Acho que vai ser um ano mais pacífico, que nos vai permitir optimizar e exigir menos na troca de informação, porque passamos da era analógica que já não se justifica no século XXI", apontou.

Quanto à matriz do projecto educativo concelhio, Adelina Paula Pinto realçou que a aposta continuará a ser orientada para a ligação à cultura e ao património, à actividade física e desportiva e para o ambiente e sustentabilidade "porque a educação ambiental é crucial. Foram as escolas que permitiram que sejamos finalistas na candidatura à Capital Verde Europeia, por todo o trabalho feito através do Pegadas". "Há a perspectiva de acrescentar ao projecto educativo a abordagem das questões emocionais. Precisamos de empoderar as crianças, porque elas entram num mundo de facilidades e à menor adversidade situação de ruptura... surgem situações novas que precisamos de estar atentos e investir na capacitação das nossas crianças no domínio emocional", concluiu.

Marcações: novo ano escolar

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