Advogado do Vitória admite novo processo a Pimenta Machado

O advogado do Vitória, Gonçalo Lobo, admitiu que o "saco azul" do clube, que está a ser investigado pelo MP, pode vir a provocar uma nova acusação contra Pimenta Machado, ex- presidente do clube. O jurista adiantou, em declarações à agência Lusa, que a investigação do Ministério Público está em curso desde 2004, tendo-se realizado já diversas diligências.
"Só em dívidas reclamadas pela Segurança Social estão em causa 400 mil euros", revelou Gonçalo Lobo.
Para além desta verba - disse - o inquérito, que se baseia num relatório da Inspecção Tributária, envolve, também, suspeitas de fuga ao fisco de verbas do IRS de ex- jogadores do clube, cujos contratos oficiais não constavam da Contabilidade, sendo alegadamente pagos pelo «saco azul».
"Ainda se desconhece o montante total do IRS que os jogadores devem", referiu Gonçalo Lobo.

Prosseguiu esta terça-feira o julgamento de Pimenta Machado e Vale e Azevedo com a audição do testemunho de André Coelho Lima, presidente do Departamento de Juventude e director de marketing no tempo de Pimenta Machado.
André Coelho Lima disse em Tribunal que o ex-presidente do Vitória, numa reunião de Direcção, informou os restantes directores que os jogadores Preto, Ruben e Evando tinham sido contratados por ele porque o Vitória não reunia condições financeiras para tal, e que os cedia para utilização do clube, mas mantendo a pertença dos respectivos passes.
André Coelho Lima acrescentou que as questões relativas a transferências de jogadores, regra geral, não eram discutidas por Pimenta Machado nas reuniões de Direcção; que desconhecia os valores das transferências dos atletas e que nunca teve conhecimento da situação fiscal do clube.
Na sessão da manhã foi ainda ouvido um inspector do Banco BPI, que confirmou ter aquela entidade bancária servido de intermediária na cobrança dos cheques relativos à comissão sobre a transferência de Fernando Meira recebida por Pimenta Machado, através da offshore Sportmédia.
Entretanto, o colectivo de juízes determinou que Baltazar Rodrigues e Paulo Abalada – inspectores da Judiciária responsáveis pela apreensão de material informático do Vitória aquando das buscas efectuadas na sede do clube – devem ser ouvidos neste processo enquanto testemunhas.

Esta tarde prestou testemunho Paulo Antero, que quando cessou funções no clube, em 2004, era o responsável pela área administrativa. A testemunha – que mantém em Tribunal um diferendo laboral com o clube – confirmou a existência de uma conta paralela, o chamado saco azul, que nas suas palavras servia para “evitar pagar mais impostos”, sobretudo no vencimento mensal dos jogadores.
O Procurador-adjunto apresentou um requerimento no sentido de serem ouvidas em Tribunal escutas de conversas entre Pimenta Machado e Paulo Antero, datadas de 10 de Junho. As conversas gravadas pela Polícia Judiciária fazem parte do processo. Contudo, o advogado de Pimenta Machado, José António Barreiros, defendeu que essas declarações não deviam ser ouvidas pois o seu cliente ainda não prestou declarações em Tribunal. Por isso, entende que a audição representaria que Pimenta Machado seria colocado a falar através das escutas, o que resultaria numa lesão ao direito previsto na lei.
O Juiz Pedro Madureira considerou desnecessário ouvir em Tribunal as escutas da Polícia Judiciária, argumentando que já havia ordenado a transcrição dos elementos que considera serem relevantes para a prova.
Paulo Antero continuará a ser ouvido amanhã de manhã.

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