Casal de septuagenários vive em condições deploráveis em Corvite (COM FOTOS)

Chocante! É talvez este o termo que melhor poderá definir aquilo que se sente ao deparar-nos com uma realidade tão cruel, tão dura e desumana. E mesmo aqui, às nossas portas, em pleno século XXI. Na Rua da Bouça Nova, em Corvite, vive um casal de septuagenários que não deixa ninguém indiferente. Pessoas afáveis e simpáticas, educadas, mas que não têm a menor capacidade de discernimento e, por isso, são felizes à maneira delas. Ainda assim, alguém tem de fazer alguma coisa, se não mais, pelo menos pelo facto de se poder tornar num caso que põe em causa a saúde pública ou então porque ali pode acontecer uma verdadeira tragédia. A notícia faz manchete n'O Comércio de Guimarães. Armando Silva, de 78 anos, e Ludovina Ferreira, de 73, vivem naquilo a que se pode chamar um verdadeira casebre. Tanto um como outro padecem de um atraso mental que não os deixa ter condições de se organizarem ou fazerem os cuidados básicos de higiene diários. Simplesmente nem sabem o que isso é. E então é lixo por todo o lado, bichos, gatos e cães numa casa cujo chão é de terra batida e onde nem casa de banho existe. O casal teve dois filhos, felizmente, ou quase por milagre, ambos são saudáveis e, como tal, bem cedo se aperceberam que os pais não tinham condições nem para cuidar de si mesmos, quanto mais dois filhos. Por isso, por volta dos 15 anos, e porque já trabalhavam, saíram de casa “e fomos viver para uma casa que alugamos com a colaboração da Comissão Fabriqueira e do próprio Padre antigo. Ainda éramos uns miúdos mas já percebíamos bem que aquilo não era vida e que os meus pais jamais teriam capacidade para fazerem melhor. Felizmente nascemos sem problemas, se não em vez de duas seriam quatro pessoas a viver em condições desumanas, como animais”, desabafa António Silva, filho mais velho do casal em causa.

Este filho tem feito de tudo para alertar as entidades competentes no sentido de obter uma ajuda para resolver o problema dos pais. É que não estão em causa pessoas para as quais não se encontra uma casa melhor ou que não têm apoio. Não é disso que se trata. A questão, é que são seres que não se adaptam a outro mundo e então não aceitam ajuda de ninguém. “Eles não querem sair daqui e, no mundo deles, são felizes, não tenho dúvidas, mas isto preocupa-me imenso e custa-me vê-los a viver em condições tão miseráveis”.

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