Banco da Partilha responde com afecto ao desespero de quem mais precisa

Há cada vez mais pessoas a procurarem o Banco da Partilha para enfrentar as dificuldades inesperadas do dia-a-dia. O projecto que nasceu há 15 anos funciona num espaço da Rua Egas Moniz, em pleno Centro Histórico de Guimarães, respondendo às diferentes solicitações com afecto e atenção, "porque somos todos iguais", apressa-se a observar Sunamita Coutinho, uma das impulsionadoras do projecto, numa tarde de outono, fria, em que estava acompanhada pelas voluntárias Joaquina Rosa Carreira, Maria Soledade Torres e Roberta Mendes.

"O banco da partilha surgiu para dar resposta a famílias carenciadas. Abrimos com essa missão. Inicialmente, eram os sem-abrigo que mais procuravam aquilo que tínhamos para oferecer, como o lanche, a roupa lavada, o calçado. Neste momento, recebemos pedidos de famílias e de pessoas que vivem sozinhas, em situação de vulnerabilidade e que se vêem confrontadas com as dificuldades da crise que atravessamos", continua Sunamita Coutinho, porta-voz do grupo que dedica algum tempo diário ao projecto.

"Há pessoas em absoluto desespero, porque têm contas para pagar e não têm recursos. Outras não têm em casa nada para confeccionar as refeições. E se nos procuram é porque alguém as informou do que fazemos. Não estamos nas redes sociais", acrescenta, fazendo questão de vincar o compromisso existente com o animato de quem procura ajuda.

"Temos um registo interno, fazemos alguns contactos para aferir da condição das pessoas, mas não é feito um inquérito social. Cada um sabe de si e se entra neste espaço é porque sente que existe uma relação confiança", salienta, recordando o caso recente de uma adolescente, grávida de sete meses. "Ela procurava um enxoval e conseguimos arranjar tudo para a sua bebé. Aparecem muitas situações inesperadas e dentro das condições que temos, ninguém sai daqui sem uma resposta", aponta, fazendo questão de sublinhar: "Tudo o que aqui está é partilhado, a não ser alguns produtos alimentares que adquirimos com o dinheiro que nos chega".

Não menciona o número das pessoas que são apoiadas. "O importante é garantir a alimentação indispensável a que se vê na aflição de abrir os armários e não ter nada para comer. Por isso, procuramos compor o cabaz alimentar que entregamos às famílias com produtos semelhantes aqueles que temos em nossa casa. "A boca deles é igual à nossa", afirma, ao realçar que "a Protagonista do Banco da Partilha é Nossa Senhora e o Protector é o Espírito Santo". "O nosso banco tem um cunho assumidamente religioso e funciona através do passa palavra. Chegam contributos do Porto, da Póvoa de Varzim, de todo o lado", precisa, mostrando-se grata por sentir que há um conjunto de boas vontades, reunidas em torno do lema do projecto, presente na imagem e no seu logotipo, representado por um cheque onde se lê "Maria, Mãe dos simples, caminhamos de mãos dadas com todos aqueles que nos confiaste", estando confiado "à ordem da Mãe da Esperança, a quantia sem limites".

"O projecto está aberto para as três dimensões: as pessoas que oferecem, para o que os voluntários oferecem e para quem se quiser tornar sócio, fazendo um donativo mensal de cinco euros. Esse dinheiro é para comprar bacalhau, os ovos, o azeite, aquilo que as pessoas precisam para compor o cabaz. O nosso cabaz é muito completo, porque quando Jesus se entrega também o faz por inteiro e não aos bocados", explica a porta-voz. "Os produtos alimentares estão muito caros. O último cabaz foi entregue a uma pessoa que nem um quilo de arroz tinha! E levou massa, arroz, ovos, salsichas, feijão, atum, leite... e azeite! Felizmente, comprei muito azeite antes da subida do preço, porque uma garrafa já custa cerca de 10 euros, e está reservado para compor os cabazes de Natal", continua, vincando que o Banco da Partilha funciona "sem ter recorrer a subsídios de entidades externas. Vivemos da Providência de Deus e nestes 15 anos nunca nos faltou um alimento".

Mais: Sunamita Coutinho revela: "Esta lojinha já conseguiu que 15 bebés não fossem abortados, porque estavam para não nascer. As mães deles equacionar o aborto. Nós apoiamos a gravidez e as mães e a decisão mudou, arranjamos o enxoval, o leite, as roupas. Parecem gotas no oceano, mas foram 15. Ajudamos 37 bebés a nascerem, mas desses 15 podiam não ter conhecido a luz do mundo. É isso que nos move, a convicção de que não dedicamos o tempo a uma loja qualquer, a nossa foi abençoada pelo D. Jorge Ortiga que já veio cá três vezes, e sentimos que sempre que precisamos de dar uma resposta a alguma necessidade há sempre uma luz que brilha e aponta o caminho para a solução!"

Marcações: Banco da Partilha

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