Vitória entra no processo movido por Júlio Mendes



O Vitória e a Vitória, Futebol SAD vão ser chamados ao processo judicial que opõe Júlio Mendes e Armando Marques à sociedade de investimentos de Mário Ferreira (MAF) e no qual o ex-presidente e o ex-vice-presidente do Vitória reclamam uma indemnização de 2,7 milhões de euros por alegado incumprimento de um acordo existente entre os também ex-administradores da SAD e o accionista maioritário. A entrada do Vitória no processo, que o presidente Miguel Pinto Lisboa tinha admitido como possibilidade na Assembleia Geral de 10 de Outubro, resulta da contestação apresentada pela MAF à acção movida pelos antigos dirigentes do clube e da SAD. Entende a MAF que a intervenção do Vitória é necessária, por considerar que estão em causa direitos e interesses do clube e da Sociedade Desportiva, tanto mais que, ainda segundo a contestação, a conduta dos então ex-administradores é contrária aos deveres que os vinculavam perante a SAD e perante o mandato que lhes foi confiado pelos sócios para presidir aos destinos do clube.

Em causa, segundo notícia do DESPORTIVO de Guimarães, está uma proposta trazida pelo próprio Júlio Mendes, pouco antes da decisão de fazer cair os órgãos sociais do Vitória, em nome da empresa Leader Constellation no valor de 8,1 milhões de euros. A MAF rejeitou a proposta, que não lhe foi directamente apresentada pela entidade compradora, entre outras razões por considerar que a mesma não era firme e carecia da verificação de múltiplas condicionantes, entre as quais uma alteração de estatutos da Vitória SAD. A não aceitação da proposta da Leader Constellation, empresa com um capital social de 500 euros, levou recentemente Júlio Mendes e Armando Marques a demandarem uma indemnização de 2,7 milhões de euros, remetendo para o acordo que havia sido estabelecido entre os administradores e o accionista maioritário e que obrigava a MAF a aceitar qualquer proposta acima de 8 milhões de euros e a conceder prémios de desempenho aos então administradores Júlio Mendes e Armando Marques, nomeados pelo clube. A MAF contesta o pedido de indemnização e pretende a entrada do Vitória no processo, o que para o clube poderá ter acrescida relevância devido à consequência que indirectamente possa advir da ação movida por Júlio Mendes e Armando Marques. Isto porque o acordo para a aquisição da participação da MAF pelo clube, recentemente anunciado, prevê que o Vitória assuma, até ao montante de 2 milhões de euros, qualquer indemnização que seja exigida à própria MAF ou à Vitória SAD. Ainda segundo a notícia do Desportivo de Guimarães, a MAF entende que tal cláusula não será accionada, à luz das várias fragilidades que detecta no acordo, cabendo agora ao Vitória a análise da mesma e a decisão sobre a moção de um processo à parte com vista à defesa dos seus interesses.

Não havendo ainda qualquer reação dos responsáveis do clube ou da SAD, a verdade é que Miguel Pinto Lisboa marcou uma posição prévia quando confrontado com o tema por um associado na última Assembleia Geral. “O que garanto é que, caso os direitos do Vitória estejam postos em causa, o clube agirá em conformidade. O nosso mandato é para defender intransigentemente os interesses do Vitória e se eles estiverem em causa, nós iremos constituir-nos assistentes no processo”, respondeu, sublinhando não ter conhecimento formal da acção movida pelos ex-dirigentes, mas sem deixar de vincar perante os sócios: “Eu, enquanto presidente do Vitória e presidente do Conselho de Administração da Vitória, Futebol SAD, nomeado pelo Vitória, nunca irei fazer nenhum contrato com nenhum accionista.”


Marcações: Júlio Mendes, Vitória Sport Clube, Mário Ferreira, Armando Marques, Miguel Pinto Lisboa

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