Hereditas quer ser o maior centro interpretativo do património cultural

Há 900 valores patrimoniais espalhados por todo o território do concelho de Guimarães à espera de serem descobertos pela comunidade. A base de dados desenvolvida no âmbito do projecto Hereditas - Atlas da Paisagem Cultural demorou dois anos e meio a ser construída e está agora disponível no sítio da internet do Município.

Na apresentação realizada esta terça-feira na black box do Centro Internacional das Artes José de Guimarães, insistiu-se na importância do envolvimento da comunidade para que o trabalho da equipa do Hereditas possa continuar o desafio de inventariar os bens materiais e imateriais existentes em todo o concelho. "Estão identificados 900 bens, com fichas, com estudos pormenorizados, mas foram sinalizados já mais 1100 bens patrimoniais a considerar. Fomos sucessivamente surpreendidos com descobertas no território", advertiu o Vereador responsável pela execução deste projecto, alertando para as diferentes áreas de estudo abrangidas: a arquitectura, a arqueologia, a história, a paisagem e as vias antigas.

"O programa Hereditas não se esgotou, temos uma base de dados com os bens que estão estudados, mas há um novo desafio que partilhamos com a comunidade para sabermos como prosseguir este trabalho", assinalou Fernando Seara de Sá, destacando que a plataforma pretende "tornar acessível todo o trabalho feito para que possa ser usado por todos". "Não existe património com valor se não puder ser usado", insistiu, acrescentando: "esperamos que o valor de uso seja mais do que a simples contemplação, deve ser apropriado pela comunidade porque o conhecimento é disponibilizado de forma aberta e simples, permitindo a qualquer pessoa usar os valores nas suas diferentes componentes, no turismo ou no planeamento urbanístico".

O responsável aproveitou para fazer referência ao anterior Vereador da Cultura, José Bastos, que durante o seu mandato lançou as bases para a execução deste projecto, realçando igualmente o apoio que obteve da actual Vereadora da Cultura, Adelina Paula Pinto, e o empenho e dedicação da equipa do Hereditas coordenada pela arquitecta Teresa Costa. "É um projecto que vai continuar permanentemente em construção", apontou.

O Presidente da Câmara sublinhou a importância da disponibilização desta ferramenta digital, permitindo o acesso ao conhecimento da evolução do território e dos seus valores a partir de qualquer lugar. Domingos Bragança realçou a riqueza e a diversidade dos bens culturais existentes em todas as freguesias do Concelho, considerando que este trabalho "é a extensão do que foi feito no Centro Histórico, Património da Humanidade" a todo o território concelhio.
“Este projecto tem o cuidado de estender o estudo, a preservação, a divulgação e o uso de todo o património de Guimarães, de todo o território concelhio, na continuidade do trabalho da classificação do Centro Histórico e ainda da extensão em curso desta classificação do Centro Histórico à Zona de Couros”, salientou Domingos Bragança, alegando que “preservar, cuidar, proteger e usar o nosso património é fundamental para a coesão territorial”. “Através do conhecimento de todos os bens, materiais e imateriais, de valor cultural, de todas as freguesias de Guimarães, a comunidade pode apropriar-se no uso do seu património e aumentar de uma forma intensa o sentido de pertença de ser vimaranense”, destacou Domingos Bragança enaltecendo ainda o trabalho “excecional” da equipa que dá corpo ao trabalho de investigação.

"Além de constituir um registo fundamental para a preservação da nossa identidade colectiva e individual, mapeando o edificado e suas características e descrevendo os costumes e o comportamento das nossas gentes, esta base de dados é um legado inestimável para a formação de novos olhares históricos e para o enraizamento de gerações futuras, pois o património cultural desempenha na sociedade, e ao nível individual, funções de memória", defendeu, ao assumir que ao disponibilizar um acervo que se pretende rigoroso e completo, ainda que em contínua construção, "o Hereditas possibilita que o passado não fique restrito nas suas fronteiras temporais, antes disponibilizando-o à comunidade científica – e à comunidade em geral – como repositório de informação valioso".

Apelo ao contributo
da comunidade

A arquitecta Teresa Costa, coordenadora do projecto Hereditas, apresentou os conceitos e fundamentos que orientaram a construção da plataforma digital, apresentando as áreas temáticas deste atlas cultural que permite viajar pelo território concelhio em diferentes tempos históricos.

Após ter destacado a cooperação estabelecida pela população e pelos Presidentes das Juntas de Freguesia em todo o processo de inventariação, a responsável assinalou a possibilidade de identificar cada um dos valores patrimoniais no território, através da georreferenciação.

Com este projecto, a responsável considerou "estarem reunidas as condições para uma intervenção mais fundamentada, célere e capaz, num património que é de todos e de todos deve merecer um tratamento de excelência, através da veiculação pública daquele que, conhecendo a sua continuidade tal como foi concebido, se poderá vir a constituir como o maior “Centro Interpretativo da Paisagem Cultural” de um concelho, registado até à data em Portugal".
Através da nova plataforma é possível apresentar contributos ou, enviando e-mail para Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar..

Marcações: património, arquitectura, Hereditas, arqueologia

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