Muralha defende elaboração de plano de salvaguarda do património industrial de Guimarães

A Muralha - Associação de Defesa do Património de Guimarães defendeu que é "necessário e urgente" um plano de salvaguarda do património industrial do Concelho.

Na última sessão pública de discussão do Plano de Gestão Centro Histórico e Zona de Couros, realizada ontem na sede da Assembleia de Guimarães, o Presidente da Muralha revelou o contributo a associação para o enriquecimento do documento, destacando a importância da funcionalidade e da conservação das vivências do espaço distinguido pela UNESCO.

"Todos os dias se perdem não apenas relevantes edifícios de indústrias desativadas para a ruína, ou para empreendimentos imobiliários, mas também documentação sobre a história dessas indústrias, perdem-se máquinas com importante valor histórico e perdem-se memórias", disse Rui Victor Costa, considerando que essa preocupação deveria estar plasmada "nas acções, especificações e metas, tendo a capacidade de monitorizar, de dirigir e corrigir esse esforço".

Para o dirigente da Muralha, "o programa Hereditas é um instrumento fundamental para esse desígnio e que, numa fase posterior à “velocidade de cruzeiro” que atualmente tomou, deverá desagregar um dos seus inventários (o Património Construído) também em Património Industrial, dando-lhe assim a importância e o foco que este património merece. Por outro lado, e com base nas informações do Hereditas, confiar à Casa de Sarmento a ingente tarefa de recolher e estudar a informação escrita das empresas que desapareceram ou sobre outras que, mesmo não tendo desaparecido, não têm condições ou sensibilidade para a preservar e estudar, e ao Arquivo Municipal Alfredo Pimenta a tarefa complementar de conservar esse espólio. Caberia eventualmente ainda, do nosso ponto de vista, à Casa da Memória, a tarefa de registar a memória das pessoas recolhendo, muitas vezes, material que foi produzido mas que se encontra disperso, e quantas vezes atomizado como aconteceu com muito do importante trabalho que se fez na CEC a este propósito".

Segundo a Muralha, o Plano de Salvaguarda deverá conter os critérios de inventariação do património industrial edificado, no espaço público e privado, que tendam a salvaguardar esse património.
Defendeu ainda a importância do "contexto do património classificado", seja "criado pelas pessoas que o habitam ou o contexto das indústrias que nele se desenvolveram, dando "atenção àquelas que são as nossas indústrias fundamentais e o contexto em que aquelas se criaram e laboraram", devendo a classificação pela UNESCO contribuir para a "promoção da indústria do concelho, tornando-a parte integrante e necessária da zona classificada e a classificar, combatendo a sectorização da cidade".

Para Muralha, o Plano deve traçar "políticas concretas para a preservação do património vivencial de Guimarães", insistindo ser a "par da preservação do Património Industrial, da máxima urgência considerar e afirmar Políticas para a Fixação e Atração de Habitantes, em particular dos jovens, que prossigam aquele que foi, desde sempre, o sucesso do nosso Centro Histórico: a importância das pessoas que nele habitam, que sempre guiaram as preocupações do Arquiteto Fernando Távora, o que, achamos, foi decisivo para a classificação do Centro Histórico".

*Excerto do texto que será publicado na íntegra na edição do jornal O Comércio de Guimarães, de 2 de junho de 2021

Marcações: património, Património industrial, Associação Muralha, Plano de Gestão do Património Mundial

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