Candidatura da Zona de Couros a Património da Humanidade será publicada em livro

 

 

Após a distinção da Zona de Couros como Património Humanidade, o Presidente da Câmara iniciou a reunião do Executivo Municipal realizada na passada quinta-feira, exibindo um vídeo que testemunha o momento em que o Comité Internacional da UNESCO fez o anúncio oficial durante a sua reunião alargada realizada em Riad, na Arábia Saudita, bem como os agradecimentos feitos pela comitiva portuguesa que integrava a vereadora Ana Cotter e o arquitecto Ricardo Rodrigues.

Os dois representantes do Município intervieram na abertura da sessão, destacando "o bom exemplo" reconhecido a nível mundial pela salvaguarda daquele Bem patrimonial.
Ana Cotter fez questão de dizer que era o momento de "homenagear todos aqueles que contribuíram das mais variadas formas".

Sobre a classificação da zona de couros, há três dimensões que importa elencar: a importância que representa na origem da nacionalidade portuguesa, a importância da cultura desta indústria de curtumes e da relação que teve e agora tem com o território, a importância do caminho feito por aqueles que souberam ver e proteger este Bem ao longo do tempo", afirmou, ao dar conta que inscrição da Zona de Couros "vem duplicar o nosso património mundial, mas também enaltecer a capacidade que temos demonstrado em salvaguardar este Bem relevante para a história da Humanidade".

A responsável destacou "a dignidade que confere a uma área da cidade, aos seus moradores e a todos quantos nela de algum modo habitamos", elogiando aqueles que "defenderam o Bem precioso".

No seu entender, comemorar "é importante para que todos sejam lembrados e para que todos se lembrem de que o processo começou há muito, um processo em que todos somos chamados a participar. A Câmara teve um papel central, mas sem o contributo de todos não tinha sido nem será possível gerir com qualidade o desejado Bem Património Mundial". Por isso, desafiou: "que esta vitória sirva para que todos saibam o significado que tem este processo e dessa forma todos possam se envolver no futuro que ambicionamos para a nossa Cidade".

De seguida, o Chefe de Divisão de Património Mundial e Bens Classificados realçou que foi um processo longo, "muito negociado e discutido, com argumentos sustentados em estudos históricos, é um processo colectivo". "Concluiu-se que a zona de couros é uma relevância acrescida ao Centro Histórico", assinalou, ao fazer referência à complexidade e exigência do processo que obrigou a uma análise comparativa com outros locais onde perduram marcas do trabalho ligado à indústria de curtumes. "O que temos em Guimarães é único, universal e excepcional", disse, ao detalhar que no passado era "um fenómeno universal, um trabalho que era exercido em quase todas as cidades", perdurando essa memória na sua toponímia.

"No caso de Guimarães, esta memória ainda está muito presente, conservando-se a autenticidade que tem valor do ponto de vista patrimonial", referiu Ricardo Rodrigues, ao explicar que “todos os anos são discutidas as linhas guia para o património mundial".

Com o alargamento da área classificada, no seu entender, reforça-se a dimensão urbana, "onde ainda há muito que desconhecemos". "É garantido que vamos saber mais sobre a zona de couros nos próximos anos do que sabemos agora do conjunto de estruturas de granito, associadas às operações de trabalho primitivo. É a primeira proposta urbana, abrangida como monumento nacional", salientou, acrescentando que ali estão representados "mil anos de história, com testemunhos físicos que têm evoluído".

"Até Dezembro de 2024, terá de ser entregue um relatório sobre o que está previsto e o que tem sido feito", advertiu, considerando que Guimarães é um "exemplo para as cidades património mundial".

O Presidente da Câmara anunciou que será editado em livro o dossiê da candidatura, que inclui o plano de gestão, fazendo questão de agradecer a quem esteve na fase de todo o processo, nomeadamente à arquitecta Alexandra Gesta, aos ex-vereadores José Bastos e Fernando Seara de Sá, bem como a actual vereadora Ana Cotter. "Um agradecimento a toda a equipa liderada pelo arquitecto Ricardo Rodrigues que dedicou ao projecto responsabilidade e competência", continuou, finalizando que "é um orgulho para os vimaranenses partilhar o sucesso com Portugal e com o mundo inteiro".

O vereador do PSD, Ricardo Araújo, lembrou que ao longo dos últimos 10 anos, por diversas ocasiões, fez intervenções relacionadas com a candidatura, "grande parte delas alertando e questionando a evolução, os atrasos e recordou que numa dessas reuniões o sr. Presidente deu um murro na mesa quanto a algumas entidades que não estavam a contribuir para o sucesso". Não obstante essas considerações, Ricardo Araújo elogiou "o Presidente Domingos Bragança que teve a força e na liderança política para que o objectivo fosse cumprido". "Esta será uma das marcas dos seus mandatos e merece o nosso elogio", anotou, ao salientar ainda o papel do arquitecto Ricardo Rodrigues e da arquitecta Alexandra Gesta.

O representante social-democrata alertou que o reconhecimento "traz acrescidas responsabilidades que seguramente os vimaranenses saberão assumir, preservando todo o nosso património". "O nosso património é um dos pilares da nossa afirmação enquanto cidade", vincou.

*Texto publicado na edição do jornal O Comércio de Guimarães, de 4 de outubro de 2023.

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